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Seleção de frangos de corte, sustentabilidade & bem-estar animal

Escrito por: Alejandro Corzo -
Senior Poultry Nutrition Specialist
, Santiago Avendaño
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Conteúdo disponível em: Español (Espanhol)

Com a crescente população mundial, existe preocupação com o aumento da demanda por carne, com a escassez de recursos e com o impacto ambiental. Os benefícios da avicultura para o meio ambiente, em comparação com outras espécies, ficam evidenciados claramente se levarmos em conta que os valores de CO2 equivalente por unidade de canal comestível oscilam entre 20 e 60 unidades para ruminantes; de 7 a 20 para suínos; e de 3,7 a 5 para aves. Os

Os frangos de corte modernos não somente têm maior eficiência biológica, mas também apresentam mais força nas pernas (resistência da tíbia à ruptura) e maior capacidade de digestão (por exemplo, maior superfície, maior pâncreas e fígado), sem que existam evidências de um impacto negativo sobre a função cardiovascular. Da mesma forma, há um interesse crescente em produtos de frangos de corte criados em sistemas de produção alternativos com taxas de crescimento não superiores a 50 g/dia e/ou necessidades específicas associadas ao bem-estar animal.

Impacto do genótipo sobre a produtividade e os recursos naturais

Os frangos Ross 308 e 708 são genótipos comerciais consolidados, enquanto outros compõem uma faixa de aves de crescimento mais lento dentro do portfólio Rowan Range da Aviagen.

A Tabela 1 registra as diferenças no rendimento desses genótipos para chegar a 2,5 kg de peso. Enquanto há grandes diferenças em rendimento biológico favorecendo os genótipos modernos, uma pequena margem na porcentagem de viabilidade favorece os frangos de crescimento lento.

1Alimento calculado para 1.000.000 aves/semana* 52 semanas *2,5kg*ICA; 2Água calculada como Alimento*1,8; 3Alimento composto por 65% de cereal (60% de milho e 40% de trigo) e 35% farinha de soja. Rendimentos agrícolas: milho 9 MT/ha; trigo 4 MT/ha; farinha de soja 2,9 MT/ha. 4Alojamento calculado como 1.000.000 aves/semana*52/ Sobrevivência/25.000 aves/galpão*(densidade da população de base baseada em Ross 308)/Ciclos anuais.

A eficiência biológica tem impacto direto sobre os recursos naturais e na eficiência de seu uso. A Tabela 2 apresenta as exigências anuais de alimento, superfície agrícola cultivável, água e alojamento para uma integração que processa (ou abate) 1.000.000 aves/semana.

Existe um aumento nos recursos necessários quando se passa dos genótipos convencionais para os de crescimento mais lento. As necessidades de alimento, água e superfície agrícola aumentam em 32,7% quando se passa do frango Ross 308 para o Rambler Ranger, com uma relação direta com a taxa de conversão alimentar. As necessidades de alojamento triplicam, já que incluem tanto as diferenças em densidade de população como o número de ciclos anuais, que depende do número de dias necessários para chegar a 2,5 kg de peso vivo. A densidade da população usada nessas estimativas foi de 42 kg/m2 para Ross 308 e 708, 38 kg/m2 para Rowan Classic e Rowan Premium, e 25 kg/m2 para Ranger Gold, Rowan Ranger e Rambler Ranger

Impacto da eficiência biológica sobre o meio ambiente

O impacto ambiental mediante o uso do ciclo de vida – “Life Cycle Assessment” (LCA), permitiu calcular os níveis estimados de dióxido de carbono (CO2) equivalente por tonelada de canal comestível para os seguintes parâmetros de encargos ambientais:

Estimativas e suposições similares foram utilizadas como se descreveu na seção anterior.

A eficiência biológica é o principal fator determinante nas diferenças de impacto ambiental mostradas na Figura 1 que refletem a relação entre:

Conforme aumentam a GMD e o % de peito, o PCG diminui de forma linear. O contrário ocorre no caso do IC e a taxa alimento/ peito. De tal forma, os genótipos com maior eficiência biológica têm o menor impacto ambiental em termos de emissões contaminantes.

Esses resultados são consistentes com pesquisas prévias que demonstram que os sistemas de produção de quintal e orgânicos têm um PCG previsto de 16% e 28% mais alto, respectivamente, que os sistemas de produção padrão. Além disso, o sistema de produção ecológico tem um impacto ambiental maior com um PE 40% mais alto, um PA 96% mais elevado e um CEP 59% superior ao dos sistemas padrão. Por outro lado, a eficiência biológica, em termos de necessidades nutricionais e duração do ciclo produtivo, está relacionada ao impacto ambiental dos diferentes sistemas de produção. O maior impacto ambiental sobre o PCG e CEP é atribuído ao alimento (incluindo produção, processamento e transporte) e ao consumo de água. Estes contribuíram em aproximadamente 70% do PCG e o 65-80% do CEP, dependendo do sistema de produção. O gás e a gasolina utilizados na granja ocuparam o segundo lugar quanto a seu impacto sobre o CEP, oscilando entre 12 e 25%, seguidos pela eletricidade (ventilação, alimentação e iluminação

O uso de gás, gasolina e eletricidade é geralmente mais baixo em sistemas de quintal e ecológicos, no entanto esses insumos não compensam os maiores índices de conversão alimentar e duração do ciclo de produção.

Gerenciando a compensação entre a sustentabilidade ambiental e o bem-estar animal

A seleção para melhorar rendimentos no frango de corte (eficiência alimentar, viabilidade e rendimento da carcaça) e as reprodutoras (produção de pintos) podem contribuir para reduções acumuladas de PE (12%), PA (10%), PCG (9%) e CEP (4%) ao longo de um período de 15 anos. Isso acentua a importância de estabelecer objetivos de sustentabilidade a longo prazo.

Em uma estratégia de melhoria genética sustentável, é fundamental manter o balanço entre a melhoria da eficiência biológica e os caracteres relacionados ao bem-estar animal. Isso se consegue controlando as correlações genéticas antagônicas entre caracteres, de forma a melhorar o objetivo de seleção de maneira harmônica.

Uma CG favorável implica que os genes que controlam ambas as características tenham o mesmo efeito em cada de uma delas, enquanto uma correlação desfavorável ou antagonista significa que o efeito é oposto entre elas.

Um antagonismo entre características bem conhecido é a relação entre os rendimentos de frangos e as reprodutoras. O antagonismo genético entre o ICA e a incubabilidade é ilustrado na Figura 3 que mostra o valor de procriação estimado (EBV) para 1.385 aves como o desvio da média da população. A incubabilidade se mostra no eixo X e o ICA no eixo E. A seta descontínua indica uma tendência para a esquerda, mostrando aves com melhor ICA (mais baixo), mas com uma pior incubabilidade. A tendência para a direita mostra aves que melhoram quanto à incubabilidade, mas com pior ICA (mais alto). Neste exemplo, o ICA diminui para um ritmo de 0,012 (12 g de alimento/Kg de peso) por cada aumento na porcentagem de incubabilidade. De tal forma, para evitar esse antagonismo é necessário incluir ambas as características nos objetivos reprodutivos e selecionar as aves que são melhores simultaneamente para ambas (como se observa dentro do retângulo)

O mesmo conceito pode ser aplicado ao antagonismo genético entre as características associadas ao rendimento biológico e ao bem-estar animal. A Figura 4 mostra a CG (em uma estirpe a nível de linhas de fundação entre peso corporal e rendimento do peito RP, %) em relação a várias características associadas ao bem-estar animal.

Todas as correlações estão abaixo de 0,5, o que indica que a magnitude do antagonismo não é extrema. Há uma CG máxima de 0,35 entre peso corporal e habilidade para caminhar. Em alguns casos, o antagonismo é baixo (quando as barras estão muito próximas de 0) ou não há antagonismo como é o caso entre peso corporal e pododermatite, ou entre a % de rendimento do peito e a discondroplasia tibial, pododermatite, dedos deformes e, em alguns casos, níveis de oxigênio.

Essas faixas de CG indicam que há amplas oportunidades de melhorar, tanto nas características de rendimento biológico, como naquelas relacionadas ao bem-estar animal, inclusive na presença de antagonismos genéticos. Isto é, desde que ambos os grupos de caracteres biológicos sejam incluídos em um programa amplo e balanceado de seleção.

Dessa forma é possível continuar melhorando geneticamente a eficiência produtiva, minimizando ao mesmo tempo a demanda por recursos naturais, sem que seja necessário negligenciar as melhorias na saúde e bemestar animal. Isso se consegue mediante a seleção de múltiplas características para melhorar tanto as condições físicas como o rendimento das aves.

A abordagem para selecionar, com precisão, o uso de novas tecnologias para a gestão de dados e o bom equilíbrio entre características se aplicam tanto aos genótipos convencionais, como a aves de crescimento lento para fazer com que qualquer produto resultante seja competitivo e sustentável.

 

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