Para o segundo semestre de 2018, o Rabobank espera que a turbulência global continue, já que se estabelecerão novos problemas que também afetarão o mercado, como: o aumento das tensões comerciais entre EUA e China, as recentes medidas protecionistas sobre a carne de frango brasileira estabelecidas pela China e as mudanças nas exigências sobre o não-atordoamento das aves – halal – pela Arábia Saudita. Isso poderia levar a novas mudanças no comércio mundial, junto com um risco de volatilidade nos custos da ração e os acordos comerciais.
Previsão é de turbulência para o mercado avícola mundial
Conteúdo disponível em: Español (Espanhol)De acordo com a última publicação do Rabobank sobre as expectativas para o próximo trimestre de […]
Conteúdo disponível em:
Español (Espanhol)
De acordo com a última publicação do Rabobank sobre as expectativas para o próximo trimestre de 2018, espera-se que o comércio mundial avícola permaneça particularmente volátil, devido à atual incerteza no Brasil e ao aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
O comércio mundial avícola está altamente volátil, tendo o Brasil bem no centro desse cenário incerto. O país foi afetado por problemáticas relacionadas à Operação Carne Fraca e suas consequentes implicações comerciais, assim como também foi fortemente afetado pela paralisação dos caminhoneiros, que levou à mortalidade massiva de aves.
O comércio mundial se tornou altamente volátil recentemente e o Rabobank identificou alguns movimentos importantes nos fluxos comerciais e preços, devido a vários fatores importantes como:
Em abril, a UE eliminou 20 plantas brasileiras da lista de permissões de exportação alegando violação dos requisitos de importação da UE em relação ao control da Salmonella. Isso está afetando em grande medida o mercado mundial da carne de peito de frango, já que a UE é o principal importador mundial desses produtos e outros compradores potenciais, como Estados Unidos, não estão abertos às importações da carne de frango brasileira.
Ainda que a UE tenha reduzido as importações durante janeiro-abril, em apenas 9%, as importações do Brasil caíram em 45%.
No caso da Arábia Saudita, o país ainda está em processo de implementação de seus novos padrões, o que já levou a uma queda de 30% nas importações no primeiro trimestre de 2018. A Arábia Saudita é o principal mercado de exportação do Brasil e um comprador chave para o frango inteiro.
Por sua vez, a China determinou uma salvaguarda especial para as importações de carne de frango brasileira. Isso levou à implementação de tarifas de importação de empresa-específica e, sem dúvida, terá impacto nos volumes de importação de carne de frango brasileira pela China.
Por outro lado, em resposta aos impostos norte-americanos recentemente anunciados sobre as importações chinesas, o país asiático anunciou um conjunto de impostos à importação de produtos agrícolas norte-americanos, incluída a soja, a partir do início de julho.
Ainda que haja espaço para negociações, se isto ocorrer, também sacudirá o comércio mundial nos próximos meses, já que os preços dos alimentos chineses aumentarão. À medida que os compradores se voltem ao Brasil para obter soja, os preços locais da soja também aumentarão, o que afetará a já debilitada indústria avícola brasileira. Outros, como EUA, UE e o sudeste asiático, poderiam ter menores preços dos alimentos.
Diretamente vinculado às tensões comerciais entre EUA – China está a introdução de uma tarifa de 25% sobre as importações de frangos dos Estados Unidos pela China, o que atrasa ainda mais a possibilidade de que os frangos norte-americanos acessem esse mercado.
O México impôs taxas à importação de carne suína norte-americana. Isso terá impacto indireto nos mercados avícolas da América do Norte. Provavelmente, aumentariam os preços no México para o suíno e, indiretamente, para o frango.
Aparte do bom desempenho da indústria mexicana do frango, também terá como resultado um ambiente de mercado mais otimista para as importações de carne de frango.
Como consequência dessa turbulência comercial, as exportações da indústria avícola do Brasil (-10%) e a produção (-3%) diminuirão esse ano, apesar de a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) garantir que o país permanecerá, em 2018, como o maior exportador mundial de carne de carne de frango. De qualquer forma, essa situação gera oportunidades a exportadores alternativos em mercados nos quais o Brasil deve retroceder.
Novos atores no mercado exportador, como Ucrânia, Rússia, Polônia, Tailândia e Argentina, já estão aumentando suas exportações e isso continuará no segundo semestre de 2018.
Muitas indústrias locais ainda apresentam bom desempenho, já que a oferta em regiões como a UE, África do Sul, México, Indonésia e Índia está bem equilibrada, criando condições boas e rentáveis para a indústria. A UE e o México também se beneficiarão das recentes tensões no comércio com o aumento dos preços locais.
Com informações do Rabobank – Food and Agribusiness Research