18 Abr 2017

Respostas aos desafios atuais da produção avícola nos EUA

Ao implementar as diretivas sobre alimentos balanceados veterinários, a indústria avícola dos EUA enfrenta distintos desafios.

Em janeiro de 2017, os antimicrobianos de importância médica em alimentos balanceados passaram a ser drogas reguladas pela diretiva sobre alimentos balanceados veterinários (VFD - sigla em inglês). As drogas VFD devem estar autorizadas por um veterinário titulado e, tanto sua distribuição como uso, devem se dar de acordo com a normativa VFD, como tratamento e não como preventivo.

Além disso, os produtores de animais já não poderão usar as drogas VFD para estimular o crescimento ou melhorar a eficiência dos alimentos balanceados.

As estratégias para cumprir com a nova diretiva incluem gestão, higiene, educação e programas de alimentação adequados. Será inevitável implementar e manter um programa de biosseguridade correto em todo momento.

Isto também inclui a eliminação de carcaças, já que um manejo incorreto das carcaças em galinheiros cria "incubadoras de enfermidades". Carcaças de peso é sempre um bom indicador dos pesos e da saúde do rebanho.

Uma limpeza total e correta dos galinheiros entre ciclos de produção diminui a necessidade de qualquer solução reativa ou proativa. Assim, pode-se observar uma redução da carga parasitária e protozoária, além de uma melhora da saúde intestinal.

A vacinação e os programas de vacinação são outra estratégia importante para manter um programa "livre de antibióticos" (ABF - sigla em inglês). Os produtores deverão permanecer alerta a todos os indicadores de enfermidades mediante uma adequada supervisão contínua do rebanho e galinheiro. Deverão revisar os sistemas constantemente e limpá-los para eliminar os efeitos de químicos, desinfetantes, antisépticos ou biofilme.

Os produtores não poderão usar azeites essenciais extensivamente, sobretudo antes de qualquer vacinação (ao menos durante 2 dias) para evitar os efeitos negativos que podem contribuir com a síndrome do "intestino que goteja". Sempre é uma boa prática supervisionar, medir e gestionar o rebanho visualmente e fazer registros sobre água, alimentos balanceados, mortalidade etc., que será de utilidade quando seja necessário ajustar, modificar ou melhorar o programa de produção.

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Ao implementar as diretivas VFD, a indústria avícola dos EUA afronta distintos desafios.

Vários destes desafios se dão por pressões dos consumidores, como por exemplo a produção livre de antibióticos (ABF), as dietas vegetarianas, a produção sem antibióticos humanos, sem OGM e com criação ao ar livre. Atender a esta demanda dos consumidores aumenta os custos de produção, porém neste momento estes custos podem ser recuperados.

Os impactos sobre a estrutura de custos de produção e, por consequência os preços de produção, poderiam afetar as preferências dos consumidores.

A disponibilidade de mão de obra é outro aspecto crítico que afeta a indústria avícola dos EUA a partir das mudanças nas políticas migratórias. Outro aspecto de principal importância que sempre se deverá monitorar é a gripe. Se a IAAP chegar aos EUA, isto afetará as exportações.

Do ponto de vista da gestão de uma granja, corrigir a biosseguridade é mais barato que mudar o ambiente para poder lidar com as consequências posteriores.

Isto inclui a supervisão contínua de tudo o necessário para uma correta operação, tal como dejetos, alimentos balanceados, água e ventilação.

Por exemplo, a produção totalmente livre de antibióticos de frangos de corte representou aproximadamente 12% da produção de frangos de corte dos EUA em 2015, e se esperava que este número se duplicasse em 2017. Segundo Watt Net, agora representa 33%.

O Departamento de Agricultura dos EUA relatou que o consumo de aves per capta já aumentou em comparação com outras categorias de carnes a partir de 2016.

Com a VFD atual em vigor a partir de janeiro de 2017, isto significa que os nutricionistas têm ferramentas limitadas para alcançar objetivos de produção ótimos para responder à maior demanda de consumo deste setor em crescimento.

Uma saúde intestinal ótima é resultado direto de um bom equilíbrio entre dieta, microbiota e organismo anfitrião.

Uma alimentação com ingredientes de boa qualidade e os corretos aditivos para alimentos balanceados (não considerados drogas pela VFD) terá como resultado uma microbiota intestinal saudável com uma maior taxa de bactérias boas, que de más bactérias ou "patógenos". Isto se refletirá em uma melhor integridade intestinal com uma parede celular sólida e uma melhor saúde das aves.

Recentemente na América do Norte se tem formado um enorme grupo de pesquisa sobre os produtos ou programas ideais para substituir ou reduzir o uso de antibióticos na produção bovina e avícola. Isto foi impulsionado pela legislação que estabeleceu a VFD a partir de janeiro passado. Os consumidores decidiram que estão dispostos a aceitar e pagarão de acordo.

Existem várias alternativas aos antibióticos promotores de crescimento (APC), porém nem todos funcionam bem na prática. Para avaliar estes compostos, se deve buscar conhecer o melhor possível acerca de sua seguridade, eficácia e mecanismo de ação. Se buscamos principalmente substituir os antibióticos promotores de crescimento, devemos primeiro avaliar o efeito na digestão e saúde intestinal.

Alternativas aos AGP’s “butirato”

O butirato é bastante único quanto a suas funções biológicas quando se compara com outros ácidos graxos de cadeia curta (AGCC).

A família de AGCC constitui um grupo de moléculas que contém de um a sete átomos de carbono, que existem como compostos lineares ou de cadeia ramificada: os AGCC predominantes são o ácido acético, o propiônico e o butírico. Dado que os AGCC são ácidos fracos com um pK de ≤4,8 e que o pH do trato gastrointestinal (TGI) é quase neutro, 90-99% dos AGCC estão presentes no TGI como ânions em vez de ácidos livres.

Entre as AGCC, o ácido butírico tem recebido mais atenção. O ácido butírico está disponível na forma de sais de Na, K, Mg ou Ca. A vantagem dos sais sobre os ácidos livres é que geralmente são inodoros e mais fáceis de manejar no processo de fabricação dos alimentos balanceados graças a sua forma sólida e menos volátil.

Para este artigo, o término "butirato" se usa de forma intercambiável para o ácido, o sal e o ânion.

Butirato – Resultados experimentais

Se tem demonstrado que a suplementação dietética de butirato ajuda no desenvolvimento e saúde intestinal de animais recém-nascidos. Ao nascer, o intestino delgado da cria tem uma capacidade de absorção muito reduzida devido à la altura das vilosidades e à profundidade das criptas em desenvolvimento.

O butirato estimula a proliferação de células epteliais, o que proporciona uma maior superfície absorvente e, em consequência, um melhor uso dos alimentos balanceados.

Mais ainda, a suplementação com butirato durante a dieta inicial melhora a longitude das vilosidades e, portanto, ajuda a manter a ingestão de alimento e uma melhor absorção de nutrientes.

A suplementação com butirato em dietas iniciais apoia, de forma positiva, a morfologia intestinal (Figura 2).

Figura 2A. Cria de frango de corte, 7 dias, controle negativo

Figura 2B. Cria de frango de corte, 7 dias, 0.06% Butirato

Um ensaio com frangos de corte desenvolvido em NCSU pesquisou os efeitos da suplementação com butirato no período inicial (1 a 14d) sobre o desenvolvimento intestinal e o desempenho do crescimento em frangos de corte jovens.

Os frangos foram escolhidos aleatoriamente em 32 gaiolas (30 aves em cada uma) e lhes foi administrado alimento e água ad líbitum durante as etapas de crescimento e finalização até os 49 dias. Os tratamentos alimentícios nos alimentos balanceados iniciais foram de distintos níveis de butirato recoberto (0,0; 0,015; 0,03; e 0,06% butirato) em 8 gaiolas idênticas por tratamento.

Se mediu os pesos corporais (PC) e a ingesta de alimento (IA) semanalmente e se calculou a taxa de conversão de alimento (TCA) como alimento/lucro. Aos 3, 8 e 14 dias se mostraram 4 aves/tratamento para avaliar a histologia intestinal. O PC aos 14 dias aumentou linearmente (p<0.01) com o aumento do nível de butirato (457 g vs. 470 g para 0 vs. 0.06% butirato), enquanto que as TCA para os dias 1-14 não tiveram efeitos significativos. A análise de histomorfologia intestinal teve correlação com os efeitos iniciais do tratamento sobre o PC (Fig 2A y 2B).

Os efeitos positivos do tratamento dos alimentos balanceados iniciais foram observados ao longo do experimento.

0,015% de butirato resultou em uma melhora de 3% e 2% em 42 dias (p<0.02) e 49 dias (p<0.10), respectivamente. Também se observou uma melhora linear nos dias 1-42 da TCA de até 3% a medida que se aumentou o nível de butirato nos alimentos balanceados iniciais.

A suplementação alimentar de butirato recoberto em alimentos balanceados iniciais demostrou ter um efeito positivo duradouro sobre o rendimento do crescimento dos frangos de corte.

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