Quando os frangos caminham sobre os lombos de seus companheiros lhes causam arranhões, porque tentam segurar-se para não cair.
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Com este sugestivo título desejo chamar a sua atenção, caro leitor, para a grande importância dessa reação dos frangos quando, por alguma circunstância, se encontram em condições de estresse durante a engorda, o pré-abate e o processamento. Tradicionalmente comenta-se que a consequência do bater de asas é que as asas são maltratadas em diferentes graus de severidade. No entanto, analisando a situação minuciosamente, podemos concluir que há outros efeitos colaterais, ainda mais onerosos, que afetam outras partes do corpo com maior valor comercial.
Essa reação em cadeia do bater de asas se inicia nos galpões e decorre das visitas dos responsáveis por monitorar diariamente os frangos nas granjas. Esse trabalho disciplinado implica que o pessoal deve entrar nos galpões para inspecionar se todos os equipamentos estão funcionando normalmente, verificar a uniformidade e a vitalidade do lote e também para registrar a mortalidade etc. Esse trabalho implica caminhar em meio aos animais. Se o pessoal o fizer deslocando-se em um ritmo normal, como o faz fora dessas instalações, as aves mudarão seu habitual comportamento tranquilo para um estado de máximo alerta, que manifestam caminhando rápido e fazendo pequenos voos, e a pista de aterrissagem são as costas das companheiras nos galpões. Durante essa via crucis, os frangos batem as asas intensamente, para fugir da situação de perigo que estão vivenciando: um intruso entrou no galpão, e desconhece-se suas intenções.
Quando os frangos caminham sobre os lombos de seus companheiros lhes causam arranhões, porque tentam segurar-se para não cair.
Essa fixação temporária lhes causa arranhões que podem levar a infecções, adquirindo outras dimensões dramáticas quanto à qualidade da carcaça processada, cuja classificação precisa ser de nível A. Simultaneamente o reiterado bater provoca danos às suas próprias asas e às dos seus companheiros. Se o frango estiver sobre outro, baterá as asas contra seu próprio corpo. Se nesse momento houver outro vizinho, as asas impactarão contra sua parte superior. Se ambos baterem as asas simultaneamente, estas serão maltratadas tanto interna quanto externamente.
Uma vez depenadas, detecta-se hematomas na última falange – ponta da asa –, na penúltima – região do cúbito e do rádio e na parte distal da articulação do osso úmero. Na planta, ao sair da última depenadora, as carcaças apresentam uma coloração vermelho escuro
AVES PESADAS
AVES LIGEIRAS
Nas aves de menor peso as hemorragias são menores. Essas afecções à qualidade das carcaças, na maioria dos casos, são detectadas durante o desmembramento e/ou desossamento. No entanto, alguns vasos sanguíneos ficam com fissuras. Muitas delas terminam se abrindo durante o processamento
Continuando com a jornada no pré-abate, se o bater de asas intenso aparecer durante a captura e o engaiolamento dos frangos, a sequência de danos à qualidade dos animais que chegam à planta, explicada anteriormente, repete-se. A cor dos hematomas e hemorragias será escura. Na planta de processamento, se a infraestrutura física e operacional não for adequada, o bater de asas tornará a ocorrer nos seguintes cenários:
Pendurado no transportador aéreo de abate. Lembramos os fatores que o propiciam:
Muitas curvas no trajeto após a pendura até a entrada no aturdidor. As alterações de direção geram estresse nas aves porque, devido à ação da força centrífuga, os animais se separam uns segundos do massageador de peito, sentindo-se desprotegidos Pré-choque na entrada do tanque de aturdimento Saída do tanque: fase tônica – os frangos vibram, às vezes com muita intensidade, incluindo o bater de asas. Aturdimento insuficiente em processamento a grandes velocidades. Não é possível retirar as aves conscientes dos ganchos. Por esse motivo, devem ser sacrificadas assim mesmo. Em consequência, estando completamente conscientes sentirão muita dor, e a manifestarão contorcendo-se e batendo as asas intensamente
RECOMENDAÇÃO FINAL:
Criar uma cultura básica a fim de que nas granjas, quando o pessoal entrar nos galpões para realizar seu trabalho de controle diário, caminhe lentamente como os frangos. Ao agir dessa forma, as aves se manterão tranquilas, ao concluir que os responsáveis por atendê-las são animais maiores que elas. Deve-se agir do mesmo modo durante a captura e o engaiolamento das aves. Com esta nova filosofia empresarial deve-se reduzir extremamente os danos às asas – parte das aves que cada dia tem maior demanda – e o efeito colateral de batê-las, as hemorragias e os hematomas no peito. Esta nova filosofia permitirá disponibilizar mais quilos de carne de frango, produzida pelas granjas e transformada em produtos de muito boa qualidade.