DIAGNÓSTICO
Nas criações comerciais e intensivas, a Eimeria spp. é um protozoário onipresente, estando disseminada nos seis continentes (Chapman et al., 2016; Clark et al., 2016).
Diferindo-se em sua patogenicidade (McDougald, 2008, Shirley et al., 2005), são reconhecidas sete espécies de Eimeria:
E. acervulina,
E. brunetti,
E. maxima,
E. mitis,
E. necatrix,
E. praecox e
E. tenella
O desafio nas aves pode:
reduzir o desempenho de crescimento devido a função intestinal prejudicada (Kim et al., 2017; Lu et al., 2019), ou, mais comumente, serem assintomáticas até que haja uma infecção por grande número de coccídios, ou outra patologia agravante (Williams, 2005; Chapman et al., 2016; Gazoni et al., 2017).
A doença gera um impacto econômico anual de aproximadamente US$3 bilhões, com prejuízos aos produtores e para a indústria avícola (Teng et al., 2020).
DIAGNÓSTICO
Tradicionalmente, o diagnóstico nas granjas ocorre:
pela detecção e enumeração de oocistos excretados nas fezes, e mensuração de suas dimensões, ou ainda,
post-mortem, avaliando a porção intestinal afetada e as características das lesões (Johnson and Reid, 1970).
O diagnóstico específico de infecções por Eimeria em frangos de corte é fundamental para uma melhor compreensão da epidemiologia e dinâmica da doença, o que sustenta a prevenção, a vigilância e o controle eficazes da coccidiose (Morris and Gasser, 2006; Gazoni et al., 2017).
A coccidiose subclínica é comumente verificada em granjas de aves de corte do Brasil e é de fundamental importância o diagnóstico preciso para que sejam traçadas intervenções, particularmente em razão dos problemas com a resistência aos coccidiostáticos, garantindo o desempenho produtivo (Gazoni et al., 2020).
OBJETIVO
Dessa forma, o objetivo desse estudo foi verificar a ocorrência anual, no período de 2012 a 2019, de coccidiose pelas espécies do gênero Eimeria atingindo frangos de corte de agroindústrias do Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Animais e Coleta de dados
No presente estudo, as monitorias de coccidioses foram realizadas:
em 13.648 frangos de corte,
tinham entre 9 e 49 dias de idade,
em 82 empresas integradoras do Brasil,
nos estados de RS, SC, PR, MS, SP, MG, RJ, GO, DF, AL, PA, PB e PE,
durante o período de 2012 e 2019.
Os dados foram lançados no Programa de Saúde Intestinal (PSI) da Vetanco do Brasil, com a finalidade de obtenção do percentual de aves acometidas e seu grau de classificação por escores de lesão.
As aves avaliadas:
tinham entre 9 e 49 dias de idade,
alimentadas com rações elaboradas pelas suas respectivas agroindústrias, sem qualquer interferência do avaliador na formulação e no uso de melhoradores de performance e de anticoccidianos.
O programa anticoccidiano mais comumente utilizado é o sistema dual:
se utiliza um princípio ativo na primeira fase (1° ao 21° dias de idade) e
outro na segunda fase (22° dia ao limite de retirada de cada produto).
Esse programa diminui a possibilidade de aparecimento de resistência dos parasitas, fato que prolonga a vida útil dos medicamentos (Revolledo e Ferreira, 2005) e garante maior eficácia dos programas anticoccidianos
COLETA DE AMOSTRAS
O monitoramento da saúde intestinal dos frangos de corte foi realizado com, no mínimo, três aves por lote (galpão). Para tanto, foram selecionadas aleatoriamente aves de três pontos distintos do aviário (entrada, meio e fundo).
AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA TECIDUAL
No trato gastrintestinal foi observada a presença de lesões causadas por Eimeria acervulina, Eimeria maxima e Eimeria tenella, Figura 1, classificadas segundo seu grau de intensidade, de acordo com a metodologia de Johnson e Reid (1970), onde o escore zero indica a ausência de lesão e o escore quatro indica lesão severa.
TÉCNICA DE RASPADO DE MUCOSA E CONTAGEM DE OOCISTO
Para a avaliação da E. maxima micro foi utilizada a técnica de raspado de mucosa intestinal para contagem de oocistos, as quais foram realizadas na porção intestinal do divertículo de Meckel.
Segundo Costa e Paiva (2009), a maior concentração de parasitas da E. maxima é encontrada na região do divertículo, mas pode ocorrer do duodeno e final do íleo.
O conteúdo do raspado intestinal foi depositado sobre lâmina, coberto por lamínula e visualizados em cinco campos (extremidades e centro) para a contagem de oocistos em microscopia óptica (100x).
A classificação dos quatro escores de E. maxima micro, segundo Vetanco do Brasil (2011):
escore de número 0, seria a ausência de oocistos;
escore 1, de 1 a 10 oocistos;
escore 2, de 11 a 20 oocistos;
escore 3, de 21 a 40 oocistos; e
escore 4, acima de 41 oocistos, Figura 2.
RESULTADOS
A ocorrência anual demonstrou diferenças significativas entre espécies: enquanto uma está elevada, as demais se apresentam menores no ano em questão.
A coccidiose subclínica:
é de maior ocorrência (média de 34,8%) durante o período avaliado (2012-2019),
revelando maior frequência e disseminação nas agroindústrias brasileiras.
Quando levamos em consideração as lesões macroscópicas:
a E. acervulina, E. maxima e E. tenella apresentaram, da maior para menor ocorrência, média de 16,1%, 7,9% e 4,1%, respectivamente.
Também é possível observar que nenhuma das espécies de Eimeria apresentou comportamento linear, mas sim, oscilações entre os anos: ora houve um aumento, ora houve uma diminuição da ocorrência (Tabela 1).
Considerando-se cada espécie entre os períodos, é possível observar que em 2012 era maior a ocorrência de E. maxima (22,2%) e E. tenella (10,0%), sendo menor nos demais anos.
A E. acervulina teve um aumento expressivo no ano de 2016, chegando a 30,5% de ocorrência, com diminuição gradual após essa data (9,7% em 2019).
A E. maxima micro, teve um crescimento quase gradual até 2017 (de 28,8 até 45,5%), mantendo-se com porcentagem anual elevada nos anos seguintes (38,0 - 42,6%). Estes resultados são representados na Tabela 1.
Tabela 1. Percentual de ocorrência de Coccidiose em frangos de corte entre 9 a 49 dias no Brasil, no período de 2012 e 2019.
Ao avaliar os escores de lesões, em praticamente todos os anos e para todas as espécies, a contagem de oocistos ficou dentro do escore 1; seguido do escore 2, 3 e 4 (este, raramente foi maior que o 3, e quando ocorre, é observado para E. maxima micro, escore 3 e 4). O escore 4 foi pouco frequente, muitas vezes resultando em valor nulo na macroscopia.
A porcentagem entre as espécies e entre os anos não segue um padrão, sendo muito variada entre ambos (Tabela 2).
Tabela 2. Percentual de escores para coccidiose do gênero Eimeria obtidos entre 2012 e 2019 em frangos de corte de 9 a 49 dias de agroindústrias do Brasil.
CONCLUSÃO
Portanto, a coccidiose subclínica apresenta uma prevalência preocupante:
Sendo esse, um dos prováveis fatores que causam a redução no desempenho produtivo dos lotes de frango de corte, além de ser um fator predisponente para quadros de Clostridioses.
Então, é de fundamental importância que os profissionais do setor avícola realizem avaliações de coccidioses subclínicas, assim podendo intervir, caso necessário, para manter o desempenho produtivo dos frangos de corte.
Informações mais detalhadas e Referências Bibliográficas disponíveis em: Abanico Veterinario. January-December 2021; 11:1-10. http://dx.doi.org/10.21929/abavet2021.2
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