Para ler mais conteúdo de aviNews Brasil dezembro 2020
Estima-se que as exportações de carne de frango, no ano de 2020, chegarão à casa de 671 mil toneladas. Esse valor corresponde a 15% a mais dos volumes exportados quando comparado ao ano passado, pois em 2019 este setor registrou 579 mil toneladas e um faturamento aproximado de US$875 milhões.
O estado que mais exporta é o Paraná, com 39%, seguido de Santa Catarina, com 30% e Rio Grande do Sul, com 14%.
Em 2020 espera-se que o faturamento com as exportações fique em torno de US$ 920 milhões, o que significa um acréscimo de 5% na receita de proteína de frango. O ano, foi atípico, tivemos a pior estiagem registrada nos últimos anos, o que impactou a produção de milho e soja, que tiveram uma supervalorização, encarecendo o preço da ração.
Depois, teve a pandemia que gerou mudanças de planejamentos e redirecionamentos de investimentos, pois, as plantas frigorificas passaram por uma série de adequações para manter as atividades e assegurar a saúde dos seus colaboradores.
No Paraná, principal estado produtor de frangos de corte, o custo de produção na avicultura aproximadamente aumentou 8,97%, chegando a R$ 4,25/kg de ave. O custo nutricional subiu 31,23% desde janeiro deste ano, e no acumulado dos últimos 12 meses, o avanço foi de 31,37%.
A ração para frangos de corte, por exemplo, teve alta de 92%, enquanto o preço pago pela ave subiu 35%.
Mediante todos esses fatores que fizeram estreitar a margem de lucro, foi necessário repensar na efetividade da produção avícola, no melhor aproveitamento dos índices zootécnicos, qualidade e quantidade de carcaças entregues ao frigorífico.
Não conseguir explorar todo potencial que a genética insinua, significa menos quilos produzidos e, para atingir este objetivo devem-se unir três pilares importantes que seguram a produção:
A sanidade
A nutrição
O manejo
CONDENAÇÕES FRIGORÍFICAS
As condenações frigoríficas geram perdas milionárias anualmente para todas as empresas do setor avícola.
As principais causas de condenações totais são aspecto repugnante e, como condenações parciais, predominam a contusão e fratura, celulite, artrite, ascite e aerossaculite.
Destas condenas apontadas podemos lançar mão do manejo e da sanidade como auxilio para sua diminuição.
AEROSACULITE
A aerossaculite é a inflamação nos sacos aéreos, geralmente ocasionados por Mycoplasma gallisepticum e Mycoplasma synoviae, Escherichia coli e de causa não infecciosa devido à má qualidade de ar.
CELULITE
A celulite é causada principalmente por Escherichia coli, que adentra pela pele lesionada.
Já quando pensamos em artrite devemos associar a reovirus, Mycoplasma synoviae e Staphylococcus spp. e algumas lesões traumáticas.
CUIDADOS
Numa tentativa de diminuir essas perdas econômicas, adotamos cuidados redobrados com:
Biosseguridade
Programa vacinal
Manejo de criação adequado
A troca de calçados, lavar as mãos na entrada de cada galpão, proibir a entrada de pessoas não autorizadas, são alguns cuidados básicos que, quando adquiridos, fazem diminuir a carga bacteriana e ou viral.
INTERVALO DE LOTES
O controle de crescimento bacteriano durante o intervalo se dá pela fermentação de cama ou pela utilização de cal virgem. Quando se tem um caso de alto desafio viral é aconselhável fazer uma fermentação de cama, pois este procedimento inativa os vírus.
Para sucesso, a cama deve ser enleirada em leira única, e permanecer assim pelo tempo de sete a dez dias, e a temperatura deve atingir 65°C.
Para controle de outros patógenos, como bactérias, a utilização de cal virgem é uma opção viável, pois, não é muito oneroso, e seu resultado é atrativo. A utilização de cal, promove um aumento de pH, que tem capacidade bactericida, também é responsável pela diminuição da atividade de água que impede a proliferação de microorganismos e, por fim, auxilia na liberação de amônia da cama, um desinfetante natural.
PROGRAMA VACINAL
O programa vacinal deve ser avaliado e adequado para cada região, de acordo com a necessidade. Até mesmo dentro da mesma empresa, há microrregiões com maior desafio que outras.
Identificar esses pontos é de fundamental para o sucesso de um programa que pode ser robusto, ou não, mas sem sombra de dúvidas deve ser assertivo.
Condenações frigoríficas, sinais clínicos, exames de sangue são elementos que, quando associados, podem indicar o melhor caminho a seguir.
MANEJO
O manejo das aves faz com que as mesmas explorem e atinjam todo o potencial que a genética proporciona.
A ração é um dos componentes mais onerosos dentro do custo de produção. Por isso, a conversão alimentar torna-se vital para reduzir o custo.
Regulagem de pratos para evitar o desperdício de ração, colocar divisórias ao longo do aviário auxilia na diminuição da competitividade, diminuindo as arranhaduras e, consequentemente, a condena por celulite.
Na primeira semana o pintainho cresce cerca de 4,5 vezes seu peso inicial. O principal responsável por esse desenvolvimento é o conforto térmico que possibilita uma ingestão de comida e absorção de nutrientes.
Nas semanas subsequentes o desenvolvimento progride, o peso aumenta e a ambiência vai se tornando peça chave para atingirmos o peso preconizado no abate.
Quando algumas aves do plantel não se desenvolvem adequadamente, temos o quadro de desuniformidade, que leva à eliminação de aves no próprio aviário, ou quando chegam ao frigorífico são condenadas por caquexia.
Nas semanas finais da criação destes animais, pode ocorrer mortalidade alta em decorrência de infartos, problemas respiratórios, coccidioses, enterites. A coccidiose é uma doença e suas lesões estão ligadas à perda de ganho de peso e aumento da conversão alimentar, pois, a eimeria aloja-se nas criptas do intestino e diminuem o desempenho das aves e/ou leva-las a morte.
Em casos de bronquite, temos a morte das aves a partir dos trinta e cinco dias de vida e, quando não há mortalidade, há perdas produtivas relacionadas à baixa absorção de nutriente por ter acometimento intestinal, além de condenas por aerossaculite no abatedouro.
Com os custos de produção aumentando consideravelmente, precisamos reinventar e reavaliar os protocolos de:
Vacinação
Nutrição
Manejo
Sanidade,
em buscas de oportunidades para otimizar os recursos e redistribuí-los de acordo com a necessidade, assim conseguiremos passar esta fase e criamos uma avicultura mais sustentável.