“Muitos frigoríficos de pequeno porte não conseguirão manter suas operações com os grãos nesses níveis de preços”, observa José Antônio Ribas Júnior, que é presidente da ACAV e diretor do Sndicarne (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado de Santa Catarina).
Custos de produção elevados poderão impactar crescimento da avicultura em 2021
“Uma elevação sem precedentes de custos vai impactar a cadeia produtiva e derrubar as otimistas previsões da ABPA (Associação Brasileira […]
"Uma elevação sem precedentes de custos vai impactar a cadeia produtiva e derrubar as otimistas previsões da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal)". A afirmação faz parte de nota enviada hoje (1/3) à imprensa pela ACAV (Associação Catarinense de Avicultura), em referência aos altos custos de produção enfrentados pela avicultura e suinocultura brasileiras.
A entidade destaca que a saca de 60 kg do milho está cotada atualmente em mais de R$ 85,00, representando 61% de aumento em relação a fevereiro do ano passado. O aumento foi ainda maior para a tonelada de farelo de soja, comercializada hoje a R$ 2.750,00, o que significa um aumento de 113% em relação ao preço praticado 12 meses atrás.
As projeções da ABPA para 2021 são de 5,5% de aumento na produção nacional de carne de frango (14,5 milhões de toneladas) e 4,4% no aumento do consumo per capita (47 kg/habitante/ano). No início da semana passada (23/2), a Organização Avícola do Estado do Rio Grande do Sul anunciou que as indústrias e produtores avícolas gaúchos deverão reduzir a produção entre 15% e 30%.
Além dos altos custos dos grãos, a ACAV destaca também outros itens que afetam as operações nas granjas e fábricas, como a energia elétrica, que encareceu 70% nos últimos dez anos. Segundo a entidade, a média de alta prevista para 2021 é de 14,5%.
Os custos de construção e/ou melhorias nas granjas de produção de aves e suínos também são destacados. Itens como aço, ferro e demais componentes sofreram reajustes elevados nos últimos meses, afetando de imediato os projetos em andamento e comprometendo as melhorias tecnológicas da produção.
"Esse encarecimento anula todos os ganhos dos suinocultores e avicultores, ao mesmo tempo em que afeta, ou até inviabiliza a produção industrial", destaca a nota da ACAV.
A entidade destaca ainda "variáveis imprevisíveis" que irão interferir no mercado da carne em 2021:
- as oscilações cambiais que afetam os preços finais;
- a manutenção da demanda da China por carnes brasileiras, que mantêm aquecido o setor;
- as reformas estruturais necessárias para restituir a confiança dos investidores internacionais no Brasil e a retomada do crescimento econômico.
- a queda de consumo no mercado doméstico em razão do alto desemprego e do fim do auxílio emergencial.
Ações
Para o enfrentamento desse cenário, o presidente da ACAV sugere ações imediatas, no curto prazo, e ações estruturantes no médio e longo prazos.
“As iniciativas de importação e aumento da produção de cereais de inverno – especialmente nos estados do Sul – ajudarão, mas não serão suficientes sob a ótica de custos", destaca Ribas. "No longo prazo precisamos ações estruturantes de logística de grãos para as regiões de produção de proteína e o setor operar de maneira efetiva no mercado futuro", completa.
Ribas lembra que há outras ações sendo tratadas junto ao governo federal e, segundo ele, "todos estão sensibilizados para buscar alternativas para este cenário”.
Fonte: AI ACAV