06 ago 2025
E. coli patogênica desafia postura comercial com linhagens persistentes e de alto risco, diz Matté
Monitoramento precoce e diagnóstico de precisão são decisivos para evitar perdas invisíveis na produção, alerta Dr. Fabrizio Matté, da Vetanco, durante o II Seminário Hy-Line White América Latina
As perdas provocadas por Escherichia coli (e-coli) patogênica na avicultura de postura podem ser silenciosas, mas têm efeitos significativos sobre o desempenho produtivo, a longevidade das aves e a sustentabilidade sanitária dos planteis.
A avaliação é do Dr. Fabrizio Matté, Consultor Técnico Corporativo Avícola da Vetanco, que palestrou na manhã desta quarta-feira (06/08), durante o segundo dia do II Seminário Hy-Line White América Latina, em Foz do Iguaçu (PR). Patrocinadora do evento, a Vetanco trouxe ao centro do debate a urgência de um controle efetivo da E. coli aviária, com base em ferramentas de monitoria e diagnóstico aprofundado.
“Durante muito tempo, essa bactéria foi considerada um patógeno secundário, que ocupava espaço apenas quando outras barreiras de imunidade falhavam, mas isso mudou”, alertou o especialista. “Hoje lidamos com cepas altamente adaptadas, com mecanismos de persistência, formação de biofilmes e presença de genes de virulência e resistência”, completou.
Um dos exemplos citados por Matté foi a cepa ST-95, classificada como de alto risco e com elevado potencial de persistência bacteriana. Segundo ele, essa linhagem consegue manter-se ativa mesmo após protocolos convencionais de desinfecção, graças à produção de biofilmes.
“Não se trata apenas de resistência, mas de uma capacidade real de permanecer viva no ambiente, nos sistemas e, consequentemente, nas aves”, explicou. Além disso, o consultor destacou que os efeitos de infecções por E. coli podem ser observados já nas primeiras 16 horas após o nascimento das aves, com impactos nos sistemas reprodutivos e no desenvolvimento dos órgãos.
“A bactéria pode estar associada, inclusive, a falhas na qualidade da casca e queda na produção de ovos”, afirmou. “Muitas vezes, os efeitos passam despercebidos na rotina da granja, mas comprometem o desempenho geral do lote”, compleotu Matté.
A recomendação do especialista é para intensificação da vigilância nas primeiras semanas de vida, investimento em diagnóstico diferencial, utilização de ferramentas moleculares e atuação preventiva na gestão sanitária das granjas. Ele alertou ainda para a necessidade de considerar o histórico local e regional das cepas, já que variações genéticas e adaptação ambiental influenciam diretamente o sucesso do controle.
“Não adianta só tratar depois que o problema se instala. É preciso entender o comportamento dessas linhagens, conhecer seus genes de virulência, e adotar medidas combinadas — desde o probiótico certo, passando por biosseguridade, até formulações específicas de antimicrobianos ou vacinas autógenas quando necessário”, afirmou Matté.
O especialista também apresentou dados de experimentos conduzidos em universidades e centros de pesquisa, como a presença de E. coli em estruturas reprodutivas entre 6 e 12 dias pós-eclosão e a dificuldade de erradicação total do patógeno em ambientes contaminados. “Hoje, mais do que nunca, a E. coli exige um olhar estratégico. Não se trata de eliminar, mas de controlar com inteligência”, concluiu.
O II Seminário Hy-Line White para América Latina ocorre pela primeira vez no Brasil, reunindo mais de 300 participantes do Brasil e América Latina, com foco técnico em genética, nutrição, manejo, sanidade e inteligência de mercado.