30 set 2020

E. coli patogênica para aves: sensibilidade ao MICROFLUD®F

Um estudo conduzido na Universidade Estadual de Londrina (UEL) avaliou amostras de Escherichia coli isoladas de aves com Colibacilose e sua sensibilidade ao Microflud® F ORAL. Os resultados foram incríveis! Confira!

A modernização e a produção em escala de frangos no Brasil teve início na década de 70, em razão da necessidade de abastecer os mercados na época. Nos anos seguintes, a avicultura brasileira ganhou um grande impulso com os avanços da genética, com o desenvolvimento das vacinas, nutrição e equipamentos específicos para sua criação.

Atualmente, o Brasil é considerado o maior exportador mundial de frangos e o segundo maior produtor de carne de aves, sendo a região sul do Brasil considerada a maior produtora nacional(BELUSSO, 2010; ABPA, 2016).

Com a intensificação da produção avícola, houve um aumento de doenças microbianas nas aves. No entanto, essas doenças microbianas puderam ser controladas por meio da utilização de antimicrobianos na avicultura, sendo estes utilizados tanto de forma terapêutica e profilática quanto como promotores de crescimento (ARIAS; CARRILHO, 2012).

Florfenicol Micruflud_Vetanco

 

Porém, o uso de antimicrobianos tem levado à seleção de bactérias resistentes (ARIAS; CARRILHO, 2012; SILVA; LINCOPAN, 2012), dificultando o tratamento de doenças como a colibacilose  aviária.

 

 

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O Florfenicol é um antimicrobiano sintético de amplo espectro, pertencente à classe dos Anfenicóis, que desempenham um papel importante na redução das perdas na indústria avícola resultantes de certas doenças bacterianas, incluindo a colibacilose aviária (SHENG LI et al., 2007).

Florfenicol Microflud_Vetanco

 

Florfenicol Microfluid 13

                                                                                                                        

Microflud_Vetanco

                                                                                                                                                                                                                      Florfenicol possui uma considerável atividade contra bactérias gram negativas e gram positivas resistentes ao cloranfenicol e ao tiamfenicol.

                                                                       

É um fármaco com menor impacto na saúde humana e animal, sendo mais seguro para o uso que os seus antecessores, devido a substituição do grupo p-nitro ligado ao anel benzênico por um grupo sulfonil-metil (Figura 1), o que anteriormente era responsável por induzir a anemia aplástica e supressão da atividade da medula óssea, condições potencialmente fatais devido a semelhança dos ribossomos mitocondriais dos mamíferos aos bacterianos.

 

Florfenicol Microflud Vetanco
Florfenicol Microflud Vetanco

Figura 1: A substituição do grupo p-nitro do anel benzênico do Cloranfenicol por um grupo sulfonil-metil no Florfenicol faz com que este não apresente riscos à saúde.

 

MECANISMO DE AÇÃO DO FLORFENICOL

O Florfenicol é um antibiótico que interfere na síntese proteica com a subunidade 50S do ribossomo procarioto 70S, ele inibe a formação de ligações peptídicas durante o alongamento da cadeia polipeptídica, sendo um antibiótico de amplo aspecto (MADIGAN e MARTINKO, 2010; FINKEL et al, 2010).

Micriflud VetancoPode atuar tanto como bactericida ou como bacteriostático (mais utilizado), dependendo do micro-organismo.

 


OBJETIVO GERAL DO TRABALHO

O objetivo do trabalho, conduzido na Universidade Estadual de Londrina – PR (UEL), foi avaliar a sensibilidade ao Microflud® F ORAL em amostras de Escherichia coli isoladas de aves com Colibacilose.

 

 

Florfenicol Microflud Vetanco

 

 

Microflud
MATERIAL E MÉTODOS

Amostras bacterianas:


Foram testadas 19 amostras de E. coli isoladas de aves, sendo:

 

 

Florfenicol
Todas as amostras APEC foram coletadas de lesões características de Colibacilose e confirmadas como APEC pela presença de ao menos três dos genes preditores de APEC, iutA, iss, hlyF, ompT e iroN, segundo Johnson et al. (2008).

 

A amostra E. coli ATCC 25922 foi utilizada como cepa referência para sensibilidade no teste de microdiluição em caldo.

 

Florfenicol Microflud Vetanco

 

MICRODILUIÇÃO EM CALDO PARA DETECÇÃO
DO MIC PARA MICROFLUD® F ORAL

Inicialmente, o produto Microflud® F ORAL foi diluído em água deionizada, para uma concentração final de 1000 μg/mL, em tubos tipo falcon esterilizados.

Foi realizado o teste de microdiluição em caldo para a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) de acordo com CLSI (2008).

 

Florfenicol

 

 

Florfenicol Microflud 23 VetancoAs bactérias foram cultivadas inicialmente em placas de Ágar Muller-Hinton (MH) a 37°C durante 24h, e posteriormente diluídas caldo MH até obter-se a concentração de 106 células/mL.

 

Em placas de 96 poços, foram adicionadas suspensões bacterianas previamente diluídas e o meio contendo o produto, em concentrações variando de 512 a 1μg/mL.

 

 

Florfenicol Microflud 24 VetancoTodas as amostras foram testadas também para a concentração de 100 μg/mL, concentração do produto recomendada pelo fabricante.

 

 A cultura foi então incubada a 37°C por 24h e o crescimento bacteriano avaliado em espectrofotômetro, sob o comprimento de onda de 600 nm.

 

Microflud 25 Vetanco


RESULTADOS E DISCUSSÃO
MICRODILUIÇÃO EM CALDO

 

Os resultados de microdiluição em caldo (Tabela 1) mostraram atividade do Microflud® F ORAL contra 18 amostras (95%) de
Escherichia coli isoladas de aves, na concentração recomendada pelo fabricante (100 μg/ml).

Pelo valor de MIC (Concentração Inibitória Mínima):

 

 

17 amostras (90%) foram sensíveis ao Florfenicol, tendo como parâmetro E. coli ATCC 25922, conhecidamente sensível ao florfenicol e com MIC variando de 2-8 μg/ml, segundo CLSI (2008); uma vez que não há parâmetros pré-estabelecidos para interpretação do MIC para E. coli.

 

Florfenicol Vetanco Microflud 26

 

 

Florfenicol microflud F oral Vetanco

Tabela 1: Valores de concentração inibitória mínima (MIC) do produto frente a diferentes cepas bacterianas, com perfil de resistência aos antimicrobianos das mesmas.                                         *CIP (Ciprofloxacina), ENO (Enrofloxacina), GEN (Gentamicina), NAL (Ácido Nalidíxico), NEO (Neomicina), NIT (Nitrofurantoína), SUL (Sulfonamida), SUT (Sulfametoxazol-Trimetropim), TET (Tetraciclina), AMP (Ampicilina), CLO (Cloranfenicol), FLF (Florfenicol), NOR (Norfloxacina), CFZ (Cefazolina), CTX (Cefotaxima), DOX (Doxiciclina). **Interpretação do MIC para florfenicol de acordo com o CLSI (2008), com base nos resultados da E. coli ATCC 25922, sensível ao florfenicol. Sensível: ≤ 8 μg/ml; Resistente: ≥ 16 μg/ml.

FORAM TESTADAS AMOSTRAS SENSÍVEIS E
MULTIRRESISTENTES

As amostras multirresistentes foram selecionadas, uma vez que, por apresentarem resistência a 3 ou mais classes de antimicrobianos, são consideradas multirresistentes (MDR), estas também apresentam maior tendência a resistência a outros antimicrobianos.

As duas amostras que se mostraram resistentes pelo MIC eram consideradas multirresistentes.

Porém, o índice de resistência ao Florfenicol encontrado em nosso trabalho (10%) está abaixo de outros relatos descritos na literatura.

 

Na China em 2004 a 2005, a frequência de resistência foi de 29% (SHENG LI et al., 2007) ao serem testadas 70 amostras de E. coli.

Estudos de monitoramento da resistência aos antimicrobianos deveriam ser conduzidos a fim de avaliar a dinâmica da disseminação de resistência, sempre que um novo antimicrobiano é inserido em um ambiente, ou sempre que um antimicrobiano é usado a muito tempo em uma região.

 

Estes estudos permitiriam um melhor planejamento quanto aos antimicrobianos a serem ou não usados em uma propriedade, bem como redução da disseminação da resistência aos antimicrobianos, oferecendo menos risco no tratamento de infecções em animais e humanos.

 

CONCLUSÃO

 

Florfenicol Microflud Vetanco

 

 

 

 

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