“No caso de frangos de corte, o controle eficaz a través da vacinação homóloga com vírus BR-I, aumentou a produtividade das granjas e o rendimento nos frigoríficos, indicadores fundamentais de rentabilidade” (Figura 4)
A Bronquite infecciosa das galinhas (BIG) é uma doença altamente contagiosa e aguda causada pelo vírus da Bronquite infecciosa (VBI), um Gammacoronavirus transmitido por inalação ou contato direto com aves infectadas, cama, equipamentos e outros fômites contaminados.
O VBI é um agente altamente infeccioso, transmitido principalmente por vias respiratórias, o que permite sua rápida disseminação e contágio.
Outra característica de importância epidemiológica do agente é a variabilidade antigênica entre os diferentes tipos virais.
Justamente esta característica leva a necessidade de ter vacinas específicas para o vírus circulante, devido à proteção cruzada parcial ou inexistente entre Coronavírus que afetam a mesma espécie.
OS IMPACTOS DA BRONQUITE INFECCIOSA NA INDÚSTRIA AVÍCOLA
O VBI infecta aves comerciais de todas as idades. Imediatamente após ingresso pelas vias respiratórias, o vírus se replica em tecidos respiratórios superiores e traqueia da ave.
Na sequência, atinge outros tecidos causando lesões em órgãos dos sistemas reprodutivo e urinário principalmente.
Esta capacidade do agente viral de se replicar em diferentes órgãos levará à aparição de diferentes quadros clínicos.
O tipo e a severidade do quadro clínico predominante dependerão do tropismo viral, mas também da idade e do status fisiológico da ave, e das condições meio ambientais predominantes.
A seguir estão listados os principais parâmetros sanitários e zootécnicos afetados pelo VBIG nos diferentes segmentos da indústria avícola.
FRANGO DE CORTE
As infecções em frangos de corte causam lesões macro e microscópicas principalmente nos tratos respiratório e renal, sendo necessário a antibioticoterapia para conter o aumento da mortalidade por agentes bacterianos secundários. A inflamação das vias respiratórias, o estado febril, a dor, a intoxicação devido à falha renal afetaram o consumo, ganho de peso e conversão alimentar, prejudicando os indicadores produtivos do lote (Figura 1).
As aves com febre, estresse calórico e dificuldade respiratória resultantes da infecção morreram durante o transporte da granja ao frigorífico pelo agravamento do quadro clínico.
As lesões produzidas pela infecção na granja levaram a condenações parcial e inclusive total da carcaça. Os tipos de condenações sanitárias originadas pelas lesões causadas pelo VBIG podem ser observados na figura 1. O aumento de tempo para realizar a inspeção e retirar as partes afetadas das carcaças de lotes infectados diminuem a velocidade ou ocasionam paradas da linha de abate, aumentando o custo do produto final.
. Necessidade de medicação
. Aumento da mortalidade final
. Piora da conversão alimentar
. Diminuição do ganho de peso
.Aumento da mortalidade durante o transporte
.Condenação parcial por aerossaculite
. Condenação parcial por contaminação
. Minutos parados por condenações
. Condenação total por aerossaculite
. Condenação total por colibacilose
. Condenação total por caquexia
Figura 1. Principais parâmetros sanitários e produtivos afetados pela infecção pelo vírus BR-I da Bronquite infecciosa em lotes de frango de corte vacinados com cepa Massachusetts (Chacón et al., 2018)
MATRIZES
Embora o VBIG não se transmita verticalmente, a infecção nas granjas de matrizes leva a piora de vários parâmetros produtivos que atingiram até o frango de corte, pelo efeito sobre a qualidade da progênie (Figura 2).
Embora não sejam relatados problemas sanitários clínicos na fase de recria, as infecções nas primeiras duas semanas de vida da ave podem causar danos irreversíveis no trato reprodutivo da fêmea com a consequente aparição de falsas poedeiras.
O estado febril causado pelas infeções em aves jovens pode afetar o consumo de alimento, e como consequência, a uniformidade do lote.
Em aves em produção, o tropismo viral e sua replicação intensa no trato reprodutivo causam lesões em diferentes porções do oviduto com diferentes consequências que afetarão a formação interna e externa do ovo, tendo como resultado, um menor número de pintinhos por ave alojada.
As más formações das estruturas internas e externas do ovo causam a morte do embrião. Quando as lesões são menos severas, o embrião se desenvolverá, mas não terá força para sair do ovo resultando em morto não nascido.
Outros pintinhos nascerão, mas estarão debilitados e terão um baixo desempenho na primeira semana de vida na granja, refugando e aumentando o descarte das primeiras semanas.
Outra percentagem de pintinhos se contaminará ao nascer quando entrar em contato com as bactérias localizadas entre a membrana da casca e a casca devido ao aumento da porosidade decorrente da infeção no oviduto da progenitora.
Estas aves desenvolverão colibacilose no final da primeira semana e início da segunda semana, prejudicando a produtividade do lote.
.Falsa poedeira
.Aumento da mortalidade de fêmeas e machos
.Menor fertilidade
.Necessidade de medicação
.Pigmentação desuniforme de casca
.Aumento de pintinhos de segunda
.Aumento da mortalidade inicial
. Piora do desempenho inicial
.Desuniformidade de peso
.Queda da produção de ovos
.Diminuição de ovos incubáveis
.Aumento de ovos contaminados
.Pigmentação desuniforme de casca
.Maior mortalidade embrionária
.Menor eclosão
. Aumento de pintinhos de segunda
. Aumento da mortalidade inicial
. Necessidade de medicação
. Piora do desempenho inicial
Figura 2. Principais parâmetros sanitários e produtivos afetados pela infecção pelo vírus BR-I da Bronquite infecciosa em lotes de matrizes pesadas vacinados com cepa Massachusetts (Chacón et al., 2019)
POEDEIRAS
A infecção em granjas de postura causa diferentes patologias e transtornos produtivos, diretamente dependentes da idade de infecção (Figura 3).
Infecções nas duas primeiras semanas de vida causam atrofia permanente do oviduto, desta forma estas aves nunca produzirão ovos (falsa poedeiras). Infecções posteriores produzem doença respiratória e renal, com aumento da mortalidade e necessidade de tratamentos com antibióticos. A doença afetará o consumo de ração, o ganho de peso e a uniformidade do lote.
A doença respiratória é pouco descrita em aves na fase de produção. Lotes infectados na fase de recria e com consequente desuniformidade, demoram em atingir o pico de produção de ovos, e têm menor persistência dos índices de produção.
Os principais prejuízos da infecção na fase de produção estão relacionados à qualidade interna e externa do ovo. A infecção aumenta o número de ovos deformes, com casca trincada, mole e clara. Os ovos com casca debilitada quebram na esteira sujando os ovos adjacentes, que perdem seu valor comercial. A infecção sistêmica afeta clinicamente e causa uma queda transitória da produção de ovos.
. Falsa poedeira
. Aumento da mortalidade na fase de recria
. Menor consumo e peso corporal
. Necessidade de medicação
. Queda da produção de ovos
. Queda da produção de ovos
. Atraso no início da produção
. Aumento da mortalidade na fase de produção
. Agravamento de outras doenças
. Ovos com casca disforme
. Ovos com casca trincada e fina
. Ovos com casca clara
. Ovos com casca suja
. Clara mais aquosa
. Menor uniformidade de peso de ovo
Figura 3. Principais parâmetros sanitários e produtivos afetados pela infecção pelo vírus BR-I da Bronquite infecciosa em lotes de postura comercial vacinados com cepa Massachusetts (Chacón et al., 2020)
A LINHA DO TEMPO DA BRONQUITE INFECCIOSA NO BRASIL
A Bronquite infecciosa das galinhas é endêmica no Brasil, sendo observada em todas as áreas geográficas e afetando todos os setores da cadeia avícola industrial. Na sequência estão listados os principais fatos que explicam a situação da doença no país.
O Vírus da Bronquite Infecciosa das Galinhas foi isolado pela primeira vez no país em aves comerciais (Hipólito, 1957). Na época, sem a disponibilidade de técnicas laboratoriais sofisticadas, eram desconhecidas as características antigênicas e genéticas do vírus isolado.
Os impactos da infecção descritos desde seu isolamento na década dos 50s, levaram ao registro, importação e uso da cepa vacinal Massachusetts (vacinas vivas e inativadas). Na época, os impactos da infecção eram observados em lotes adequadamente vacinados, mas não protegidos.
Trabalhos de soroneutralização demonstraram a circulação de vírus não Massachusetts em planteis apresentando distúrbios clínicos de Bronquite infecciosa e vacinados com a cepa vacinal Massachusetts (Di Fabio et al, 2000). Estes primeiros achados sugeriram que as diferenças antigênicas entre a cepa vacinal Massachusetts e os vírus “variantes” circulantes eram responsáveis pela incompleta proteção cruzada.
Na década de 2000s e graças à disponibilidade das técnicas moleculares, foi sequenciado o genoma de vírus isolados de quadros clínicos de Bronquite infecciosa. Desta forma foi confirmado a circulação no país de vírus geneticamente diferentes à cepa Massachusetts.
Chacón e colaboradores (2011) e posteriores publicações científicas mostraram que todos os vírus “variantes” circulantes em diferentes regiões e épocas pertenciam a um único grupo molecular, genética e antigenicamente diferente da cepa vacinal Massachusetts. Este vírus chamado desde aquela época de vírus BR-I é geneticamente diferente de todos os vírus detectados em outros continentes, mostrando ser nativo do Brasil, embora posteriores trabalhos científicos demonstraram sua circulação em países vizinhos também.
Interessantemente, todos os vírus BR-I isolados em regiões distantes geograficamente e envolvidos em diferentes quadros clínicos de frango de corte, matrizes e poedeiras mostraram ser geneticamente similares.
Estudos conduzidos no Brasil conseguiram detectar o vírus BR-I em amostras clínicas coletadas no início da década dos 70s, antes da introdução das vacinas vivas com cepas Massachusetts.
Após demonstração dos impactos econômicos milionários do vírus BR-I e a inadequada eficácia das vacinas Massachusetts, foi aprovada para uso uma vacina inativada para matrizes contendo a cepa BR-I da Bronquite infecciosa (Cevac Maximune Pro). Os primeiros resultados foram satisfatórios, confirmando a necessidade de ter vacinas formuladas com cepas homólogas ao vírus circulante no campo. Resultados de acompanhamento de campo confirmaram conceitos básicos de imunologia referidos à necessidade de vacinas vivas que sirvam de primers para um melhor desempenho prolongado das vacinas inativadas.
É registrada e licenciada a primeira vacina viva formulada com vírus BR-I para uso em aves de todas as idades. A vacina Cevac IBras, foi testada em empresas de todos os segmentos da avicultura e seu uso vem aumentando rapidamente devido aos enormes retornos financeiros e outros benefícios indiretos decorrentes do controle eficaz da doença. “Após sua circulação por mais de 60 anos sem controle eficaz, o Coronavírus das aves BR-I está sendo controlado graças a uma vacina desenvolvida, produto de múltiplos estudos epidemiológicos, antigênicos, moleculares, protetivos e econômicos”.
Os benefícios econômicos e não econômicos (como a eliminação de revacinações no período de produção de ovos nas granjas de matrizes) conseguidos com o uso combinado de Cevac IBras e Cevac Maximune Pro, pretendem ser imitados no setor de postura comercial com o registro e uso da vacina Cevac Eggmune, vacina inativada contendo a cepa BR-I.
GANHOS PRODUTIVOS DECORRENTES DO CONTROLE EFICAZ DA BRONQUITE INFECCIOSA
O controle eficaz do vírus BR-I a través do uso de vacinas vivas e inativadas contendo a cepa BR-I, trouxe ganhos econômicos e outros não econômicos que confirmaram que a BIG era a doença de maior impacto econômico da avicultura brasileira.
O controle eficaz da doença permitiu identificar outras perdas que eram caudadas pelo vírus mas não eram associadas com a infecção.
Os principais ganhos obtidos até o momento com o uso das vacinas Cevac IBras e Cevac Maximune Pro, estão listados abaixo.
Os gráficos foram criados com dados obtidos de
1. granjas de frango de corte (mais de 100 milhões de aves avaliadas),
2. granjas de matrizes pesadas usando de forma combinada Cevac IBras e Cevac Maximune Pro, e
3. granjas de postura usando Cevac IBras nas fases de recria e produção.
“No caso de frangos de corte, o controle eficaz a través da vacinação homóloga com vírus BR-I, aumentou a produtividade das granjas e o rendimento nos frigoríficos, indicadores fundamentais de rentabilidade” (Figura 4)
Incremento do GPD (1 - 7 gramas)
Melhor conversão alimentar (1 - 20 pontos)
Redução da mortalidade final (0,26 – 3,3 %)
Eliminação da medicação com antibióticos (até R$ 64 / mil frangos)
Diminuição da mortalidade de transporte (0,01 – 0,45 %)
Menor condenação parcial por aerossaculite (0,01 - 2,55 %)
Menor condenação total por aerossaculite (0,02 – 0,31 %)
Menor condenação parcial por contaminação fecal (1 – 1,5 %)
Menor condenação total por colibacilose (0,01 – 1,88 %)
Menor condenação total por aspecto repugnante e aves caquéticas (0,15 – 0,67 %)
Eliminação de atrasos da linha de abate por condenas sanitárias
(Média de R$ 265 / mil carcaças processadas)
Figura 4. Benefícios produtivos e de rendimento obtidos em lotes de frango de corte após uso de Cevac IBras (Chacón et al., 2018)
“A implementação de um programa vacinal com vacinas vivas e inativada contendo a cepa BR-I na fase de recria, levou a melhores resultados de produtividade, qualidade de progênie, mas também eliminou a necessidade de revacinações na fase de produção de ovos”. Desta forma, as empresas ganharam em produtividade e redução de manejo (Figura 5).
Menor mortalidade na fase de produção (2 - 5,4%)
Eliminação da medicação com antibiótico
(R$ 915 por lote de 1.000 aves)
Eliminação de quedas da produção de ovos (5,3 – 6,4%)
Menor número de pintinhos de 1 dia de segunda qualidade (0,2 – 0,5%)
Menor mortalidade de pintinhos de primeira semana (2 - 10%)
Eliminação da medicação com antibiótico de pintinhos de primeira semana (até R$15 / mil pintinhos de 7 dias)
Aumento de ovos incubáveis por galinha alojada (2,7 - 6,8%)
Menor mortalidade embrionária (1,2 – 1,9%)
Maior taxa de eclosão (1,2 – 6,4%)
Maior número de pintinhos por galinha alojada (1,3 - 7,3 pintinhos/galinha alojada)
Menor número de pintinhos de 1 dia de segunda qualidade (0,2 – 0,5%)
Menor mortalidade de pintinhos de primeira semana (2 - 10%)
Eliminação da medicação com antibiótico de pintinhos de primeira semana (até R$15 / mil pintinhos de 7 dias)
“O controle eficaz da BIG usando vacina viva com cepa BR-I trouxe benefícios nas fases de recria (mais frangas vendáveis) e produção de ovos (mais ovos vendáveis) nas granjas de postura comercial (Figura 6)”. O controle eficaz da BIG também facilitou o controle de outras doenças respiratórias como a Micoplasmose e Laringotraqueíte infecciosa.
“Empresas que controlaram de forma eficaz a Bronquite infecciosa com vacinas com cepa BR-I reportam resultados produtivos nunca antes obtidos, superiores ao padrão ou esperado”.
Menor mortalidade na fase de recria (1 – 1,3%)
Eliminação da medicação com antibióticos (até R$ 280 / mil frangas)
Maior peso corporal (62 gramas)
Maior uniformidade do lote no final da fase de recria (3,3 - 5,5%)
Melhor início de atingimento de pico de produção (4 semanas)
Menor mortalidade na fase de produção (0,5 a 2%)
Menos ovos com casca disforme (0,1 – 0,2%)
Menos ovos com casca trincada (0,8 – 0,9%)
Menos ovos com casca mole (0,7 – 0,8%)
Menos ovos com casca suja (2,3 – 2,6%)
Melhor uniformidade de peso de ovo (4,5%)
Figura 6. Benefícios produtivos obtidos em lotes de poedeiras após uso de Cevac IBras (Chacón et al., 2020).
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