Para ler mais conteúdo de aviNews Brasil 1T 2023
A produção de carne de frango está em um grande momento no mundo, com crescimento consistente nos últimos anos, atendendo a um aumento de demanda de proteína de alta qualidade, com segurança alimentar, com grande flexibilidade e agilidade para atender as exigências de todos clientes e mercados no mundo.
É a consolidação global de uma cadeia altamente sustentável, consequência da evolução genética dos últimos anos associada à eficiência produtiva das empresas processadoras e dos produtores no campo. O baixo consumo de água na cadeia, a alta eficiência na conversão alimentar das aves com a produção do frango e ovos em pequenas áreas, com baixo custo de produção, ótimo rendimento no abatedouro, transformando os insumos vegetais em proteína animal no prato da população, garantindo saúde e segurança alimentar aos consumidores.
O risco real atual, que o governo e as empresas devem gerenciar e se proteger, está relacionado à chegada da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade na América do Sul. Esse grande desafio deve seguir como o maior problema para a indústria em 2023. |
Influenza Aviária
A Influenza Aviária (IA) sempre foi um risco associado à produção avícola global, gerando incerteza quanto ao comportamento dos clientes e países importadores quando ocorrem casos no país exportador.
Nos últimos anos, a grande maioria dos países tem se tornado mais conscientes quanto ao baixo risco associado a casos de Influenza em aves silvestres e de fundo de quintal, com um menor impacto no comércio global. Essa percepção de menor risco é ainda mais associada aos casos de Influenza Aviária de Baixa Patogenicidade (IABP) em aves silvestres.
Influenza Aviária de Alta Patogenicidade H5N1
Esse desafio que podemos dizer que é maior que o ocorrido no passado tem levado a uma discussão acadêmica, governamental e entre todos os entes do agronegócio, que está mais difícil de controlar a doença, que tem levado a situações comuns a todos os países como:
Esse quadro de maior desafio de IA vem sofrendo alterações e sofreu uma mudança importante desde o inverno de 2020 (2022 H5N1 – vírus 2.3.4.4b), que a partir da Ásia central, esse vírus se espalhou para o leste asiático, Oriente Médio, África e América do Norte, com uma evidência bi-direcional relacionada as aves migratórias da primavera.
Podemos considerar que essa é uma variante viral mais patogênica, que inicialmente causou mortalidade em aves silvestres e migratórias.
Assim, esse evento de disseminação do vírus de 2020 pode ser considerado o maior e mais longo evento sanitário desde o século passado, atingindo oficialmente mais de 90 países, da Ásia, Europa, África e toda América.
Como exemplo, no momento que escrevemos esse artigo em fevereiro de 2023, o USDA (United States Department of Agriculture) está considerando que nos EUA o vírus já causou perdas em 47 estados com mais de 55 milhões de aves eliminadas. Na Europa, o EFSA (Administração Europeia de Segurança Alimentar) já comunicou aproximadamente 50 milhões de aves abatidas.
Nos casos de confirmação de mortalidade causada por vírus altamente patogênico, existe a necessidade de eliminação dos lotes infectados e da realização de um controle perifocal, com aplicação dos conceitos estabelecidos de população próxima ao surto.
A partir dos primeiros casos confirmados na América do Norte, houve a disseminação em todas direções e que pode ser observada na figura abaixo, que apresenta e evolução dos casos de IA no ano de 2022 nas Américas. Podemos observar que no período de inverno do hemisfério norte, entre Janeiro e Março, houve muitos casos nos EUA e no Canadá, evoluindo para casos em México entre Abril e Junho e nos últimos meses, entre outubro de dezembro, com casos na América Central e América do Sul.
Mais precisamente, no início de novembro de 2022 houve o primeiro caso da América do Sul, no noroeste da Colômbia, na divisa com o Panamá. Esse cenário evoluiu até o momento, no final de janeiro, em casos de IAAP na Colômbia, Equador, Venezuela, Peru, Chile, Bolívia, Argentina e Uruguai:
Até o momento, o Brasil segue sem casos clínicos de mortalidade de aves silvestres e/ou migratórias que possam levar a qualquer suspeita. Isso não impediu que o Governo Federal brasileiro, os governos estaduais, ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), associações de produtores estaduais, empresas produtoras de carne de frangos e ovos, assim como os produtores acionassem todas as ações de contingência para evitar a entrada do vírus via aves silvestres e/ou migratórias nos plantéis comerciais. |
Todos envolvidos nas cadeias produtivas estão em alerta máximo, implementando as ações de proteção aos processos produtivos.
Prevenção da IA
A prevenção da Influenza Aviária está estabelecida e segue os conceitos básicos de biossegurança para evitar que o vírus entre no país, que entre nas operações comerciais e, no caso de entrada, que não se dissemine horizontalmente, com rápida eliminação.
Depois, também sobre o controle federal, está o controle de fronteiras, não permitindo a entrada de fontes de risco nos portos e aeroportos.
Nas empresas, nos processos produtivos, deve-se seguir com os procedimentos para evitar que os plantéis comerciais ou semi-comerciais se infectem. Isso está relacionados com o controle de fluxo de pessoas, insumos, equipamentos e qualquer tipo de animais em contato do as aves.
Evitar o contato com os plantéis comerciais é o grande desafio e que precisa de muito trabalho em cada um dos produtores e podemos considerar como exemplo alguns pontos importantes:
Restrição à entrada de pessoas terceiras, não comuns aos processos produtivos;
Bloqueio da entrada de aves silvestres/migratórias, animais e/ou fezes aos processos produtivos:
Lavagem e desinfecção de todo e qualquer equipamento que entre em contato com as aves:
Equipamentos de manutenção;
Roupas, sapatos e equipamentos para o carregamento das aves; etc.
Esse trabalho de controle regional deve ser realizado em conjunto com todas empresas que estão em uma mesmo estado e/ou zona, possibilitando um controle e análise de risco em conjunto.
A regionalização e compartimentação também é considerada uma alternativa para a redução de risco aos processos produtivos e ao comércio internacional.
A cada dia mais são consideradas como ferramentas de controle de fluxo de aves, que diminuem o risco e impacto financeiro em casos de surto em diversas regiões do mundo.
Conclusões
O desafio do vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade, do tipo H5N1, está disseminado em praticamente todo mundo e é um risco iminente para todas operações avícolas.
O governo, associações de empresas, empresas e produtores estão trabalhando muito para evitar a entrada no Brasil e, no caso de um desafio ambiental, que não contaminem os planteis comerciais.
As empresas devem seguir reavaliando os seus programas de biossegurança, trabalhando de forma incansável, treinando e auditando constantemente os processos para minimizar o risco sanitário.
Até o momento, o Brasil segue livre de qualquer caso de IAAP.