10 nov 2022

Mudar forma de criação de aves pode evitar propagação da influenza aviária

Na Europa, autoridades de saúde acompanham uma alta de casos da gripe aviária, provocada pela influenza A (H5N1), em animais de cativeiro.

Na Europa, autoridades de saúde acompanham uma alta de casos da gripe aviária, provocada pela influenza A (H5N1), em animais de cativeiro. A situação afeta especialmente galinhas criadas no Reino Unido, mas casos da doença foram identificados em humanos na Espanha. Apesar desta ser uma ameaça controlada, especialistas sugerem que cepas mutantes podem surgir e, em tese, originar a próxima pandemia.

Hoje, o Reino Unido enfrenta o seu maior surto de gripe aviária. Desde o final de outubro de 2021, casos da doença foram identificados em mais de 70 instalações que criam aves. Em paralelo, casos da infecção em aves selvagens também foram rastreados.

Frente a esse cenário, a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido informa que o risco para a saúde pública é muito baixo. Os casos também não representam uma ameaça para a alimentação dos britânicos — isto porque, quando um animal é contaminado, ele é sacrificado junto ao resto do rebanho.

  • É importante destacar que, no momento, a capacidade do vírus infectar humanos é baixa. Desde 2003, a OMS contabiliza 868 casos de gripe aviária em humanos em todo o globo, sendo que 456 evoluíram para o óbito do paciente.

"Atualmente, os surtos de influenza aviária impactam de forma limitada em humanos, porque o vírus não se espalha facilmente entre nós. Mas esta é uma bomba-relógio", explica Devi Sridhar, pesquisadora e professora da Universidade de Edimburgo, em artigo para o jornal The Guardian.

No entanto, "uma mutação que faça esse vírus circular mais facilmente entre humanos é possível. Isso seria um divisor de águas, o que aumentaria consideravelmente o risco para os humanos", defende. "Quanto mais chances o vírus tiver de saltar para um humano e sofrer mutação, maior a probabilidade de surgir uma cepa perigosa que pode desencadear a próxima pandemia", alerta a pesquisadora.

"O cerne da questão é como criamos e tratamos os animais e como são as suas interações com os humanos", pontua a pesquisadora Sridhar. "As aves são muitas vezes mantidas em condições problemáticas, onde estão acondicionadas em locais fechados e as doenças são transmitidas facilmente entre elas", explica.

Inclusive, as atuais cepas que são mais infecciosos do H1N5 podem ter se desenvolvido em "um ambiente de criação industrial, onde os animais são mantidos em locais fechados e os vírus têm a chance de circular e sofrer mutações", aponta. "E isso não é apenas um problema com a influenza aviária, mas também com outras doenças infecciosas", acrescenta.

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Além da evolução do vírus da gripe aviária, outro problema é o uso indiscriminado de antibióticos na criação, de forma preventiva.

"Administrar antibióticos aos animais pode levar ao surgimento de cepas bacterianas resistentes e, em seguida, os seres humanos, como os criadores, são infectados com bactérias resistentes aos antibióticos. Estes então circulam em humanos e reduzem a eficácia de uma das drogas mais poderosas da medicina moderna", completa a pesquisadora.

Em outras palavras, no futuro, as ameaças podem se tornar tanto virais quanto bacterianas.

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