Microrganismos multirresistentes (Ex.: multirresistência bacteriana) podem circular com facilidade entre seres humanos e animais – seja por meio da alimentação, da água, do meio ambiente e/ou pela migração humana e animal. Por isso, a resistência aos antibióticos torna-se um assunto de grande relevância à saúde pública.
Um dos principais exemplos de bactérias multirresistentes é o das salmonelas, que podem ser transmitidas ao homem pelos alimentos (inclusive, são um dos mais comuns sorovares causadores de infecções alimentares). Caso a salmonela seja multirresistente a antibióticos, a possibilidade de tratamento torna-se limitada — o que levanta sérias preocupações de saúde pública.
Por esta razão, os produtores de aves têm que estar cientes que o uso incorreto e indiscriminado de antibióticos pode reduzir temporariamente algumas perdas produtivas. No caso das Salmonelas, em especial, ele não elimina o patógeno da ave — ao contrário, ainda pode prolongar a permanência dele na granja —, contribui para a multirresistência das bactérias e pode trazer impactos prejudiciais a curto, médio e longo prazo.
O assunto é tão relevante e necessário para a produção de aves que foi objeto de estudo de um dos colaboradores da Biocamp, Andrei Souza, em sua dissertação de mestrado pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Unesp, campus Jaboticabal. Sua colaboração foi imprescindível para o conteúdo que você verá a seguir.
Os problemas relacionados à salmonela são intrínsecos a todas as granjas comerciais — e são objeto de preocupação e constante atenção dos produtores avícolas.
A introdução desse patógeno pode ocorrer tanto pela transmissão vertical de aves reprodutoras infectadas para a progênie quanto pela transmissão horizontal: entre aves, por meio do contato com pragas e animais silvestres, ou até mesmo pelo consumo de ração contaminada.
Fato é que a diversidade antigênica de salmonelas paratíficas contribui para sua adaptação e disseminação.
Como na avicultura os antibióticos não são usados apenas de modo terapêutico (tratamento de enfermidades), mas também de forma profilática e como melhoradores de desempenho (AMDs), as chances de se criar salmonelas multirresistentes em granjas comerciais é grande.
A multirresistência é a denominação dada a uma bactéria que possa ser resistente a três ou mais classes de antibióticos, ou seja, são capazes de sobreviver mesmo na presença de substâncias que, em tese, deveriam combatê-las. Para se tornaram resistentes é necessário que ocorra a aquisição/transmissão de genes exógenos por meio de mutações sejam elas naturais e/ou aleatórias.
Este fenômeno acontece devido à disseminação de genes de resistência que vão conferir mecanismos de sobrevivência às bactérias quando são expostas aos antibióticos. Como geralmente estes genes são transferidos em blocos, isso acaba por originar a multirresistência.
Vale ainda ressaltar que outro modo de resistência é a produção de enzimas que atuam degradando a molécula química do antibiótico, como exemplo, as beta-lactamases de espectro estendido (ESBL) e ampC. Cada um deles expressa resistência frente às subclasses dos antibióticos beta-lactâmicos, que são amplamente utilizados para tratamento de infecções alimentares causados por Salmonella spp. em seres humanos, mais precisamente a Salmonella Heidelberg.
Em sua dissertação, Andrei Souza se dedicou a obter o perfil de resistência de isolados de Salmonella Heidelberg (SH) de fontes distintas e coletados em diferentes regiões do Brasil baseado em três premissas principais:
Assim, ele avaliou a suscetibilidade aos beta-lactâmicos e a relação genotípica de SH com o objetivo de fornecer informações sobre o cenário de resistência de SH no Brasil.
Foram utilizados 62 isolados de SH: 20 provenientes do Laboratório de Ornitopatologia da FCAV/Unesp, campus Jaboticabal, e 42 do Instituto Adolfo Lutz. Todos os isolados passaram por testes de sensibilidade aos antimicrobianos, pesquisa de genes de resistência beta-lactâmicos e relação genotípica por PFGE.
Os resultados obtidos e conclusões foram as seguintes:
S.Heidelberg é um dos principais sorovares causadores de infecções alimentares. Resulta em enfermidade não-tifoide em seres humanos e animais, podendo resultar em gastroenterite e septicemia.
Para combatê-las, os seres humanos usam antimicrobianos. “O surgimento de microrganismos zoonóticos resistentes e multirresistentes acaba por limitar, no entanto, esses recursos/antibióticos utilizados para o tratamento de doenças, afetando nossa qualidade de vida”, explica Andrei.
Por isso são tão importantes a conscientização e o uso adequado de antimicrobianos na produção animal. Tanto é que órgãos internacionais, tais como Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), World Organization for Animal Health (OIE) e World Health Organization (WHO) desenvolveram o plano multissetorial de ação mundial denominado One Health. O objetivo é promover o tripé “saúde humana – animal – ambiental”.
A prevenção e o controle de Salmonella spp. estão pautados em contar com ações que colaborem para a biosseguridade nos plantéis avícolas. “O uso de aditivos, desde que não sejam antimicrobianos, que promovam a integridade intestinal é bem-vindo como forma de prevenção. O trato gastrointestinal íntegro diminui consideravelmente a possibilidade de uma ave ter sua enfermidade agravada, vir a óbito e/ou se tornar um disseminador do agente”, reforça Andrei.
A bactéria Salmonella Heidelberg
Nesse contexto, buscar alternativas que possam substituir os antibióticos melhoradores de desempenho torna-se uma prática fundamental e os probióticos são bastante eficazes para promover a integridade intestinal das aves – e ainda estão em consonância com a tríade do One Health.
O lema da Biocamp é “por um mundo mais Pró” e isso está relacionado com a produção e utilização de produtos que respeitem o consumidor e, obviamente, as aves. Assim, a empresa trabalha com produtos e mecanismos de atuação natural contra as salmonelas, não utiliza compostos que possam provocar resistência bacteriana e não contamina o ambiente com resíduos químicos.
Um exemplo disso são os probióticos de exclusão competitiva, que permitem que as bactérias benéficas, introduzidas pelo produto, colonizem todos os segmentos intestinais das aves combatendo patógenos como Salmonella spp., cepas patogênicas de Escherichia coli, Clostridium perfringens, etc. que causam enfermidades e queda de desempenho.
“É assim que a Biocamp contribui para que seus clientes possam continuar tendo alta produtividade e bons índices zootécnicos, colaborando para a preservação do meio ambiente, para a saúde dos homens e dos animais”, conclui Andrei.
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