Para José Nolasco Estrada, que desenvolveu a vacina como parte de seu projeto de titulação, é lamentável que as vacinas disponíveis hoje em dia não sejam muito eficazes nos perus, pois são elaboradas a partir de um vírus proveniente das galinhas. ”Estas vacinas são aplicadas a diferentes espécies na avicultura, incluindo os perus, e está provado que, apesar de serem utilizadas, a bouba continua se fazendo presente”, observa.
Nova vacina para prevenir a bouba aviária em perus no México
Segundo informação do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia do México, a vacina específica para prevenir a bouba aviária em perus alcançou 100% de efetividade.
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Uma vacina específica para prevenir a bouba aviária em perus foi desenvolvida na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). Segundo a Agência informativa do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, o Dr. José Eduardo Nolasco Estrada, egresso da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), desenvolveu a vacina que, em testes de laboratório, alcançou efetividade de 100%.
Quando um peru contrai bouba aviária, a doença se expressa de duas formas: a primeira é a apresentação cutânea, que provoca lesões proliferativas na pele, manifestando-se em forma de prurido e crostas; a segunda é a apresentação diftérica, na qual as mesmas lesões se manifestam na cavidade oral e no trato respiratório, podendo provocar a morte por asfixia.
Anticorpos e linfócitos
O primeiro passo foi realizar a identificação do vírus por meio de histopatologia e reação em cadeia da polimerase, para posteriormente isolar o vírus em embriões de frango, com o objetivo de, ao ser replicado em um organismo, o vírus se adapte e perca sua capacidade de produzir a doença em outro organismo.

Uma vez produzida a vacina, o passo seguinte foi aprovar sua efetividade em três grupos de 10 animais infectados cada um: um primeiro grupo controle, ao qual não foi aplicada nenhuma vacina; um segundo grupo tratado com uma vacina comercial e um terceiro grupo ao qual foi aplicada a vacina produzida durante o projeto.
Segundo José Nolasco Estrada, o observado nas provas foi que o primeiro grupo controle adoeceu de bouba em sua totalidade; do segundo grupo, tratado com uma vacina comercial, somente um dos animais se viu protegido; enquanto no terceiro grupo, 100% dos animais ficou protegido.
“As vacinas são profiláticas sempre, nunca podendo ser terapêutica”, pontuou Estrada, destacando que a bouba é uma doença complicada, já que não existe um tratamento estabelecido, nem um fármaco para curá-la.
Esta vacina, conquistada com a assessoria dos doutores Laura Cobos, Lucía Rangel e José Antonio Quintana, da FMVZ, representa uma arma poderosa para a meleagricultura – crianção e exploração de perus -, pois esta prática se dá principalmente em zonas rurais do país, em quintais, e muitas vezes as granjas estão fora do alcance dos programas de sanidade, pondo em risco a fonte de renda e alimento de centenas de famílias.
“Creio que é responsabilidade nossa, como médicos veterinários, salvaguardar o bem-estar animal. Às vezes se critica muito a ciência porque animais dão utilizados para experimentações, porém, acredito que isto vá mais além. Talvez ocupemos alguns animais, porém, se isto pode funcionar e, sobretudo, ir para as zonas rurais, está bem, porque afinal é um apoio para as pessoas”.
O passo seguinte do projeto é conseguir que a vacina chegue a uma escala de produção em lotes de mais de 100 doses e atender o problema dos pequenos produtores de peru do México.