A tendência de alta já havia sido anunciada pelo vice-presidente executivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Ricardo Santin, no final do mês de maio. O setor avícola foi um dos 30 mercados mais prejudicados pelos impactos da paralisação dos caminhoneiros, que levou mais de 70 milhões de aves a morrerem por falta de ração e transporte.
Preço da carne de frango subiu quase 40% em junho
Entre 30 de maio e 7 de junho, o preço da carne de frango congelado na região da Grande São Paulo […]
Entre 30 de maio e 7 de junho, o preço da carne de frango congelado na região da Grande São Paulo subiu 39,4%, chegando a R$ 4,71/kg, enquanto o frango resfriado subiu 30,2%, passando a R$ 4,60/kg. Segundo o Cepea (Centro de Pesquisas Avançadas em Economia Aplicada), o aumento é resultado do casamento entre o aumento da demanda, natural de princípio de mês, e a baixa oferta do produto decorrente da paralisação dos caminhoneiros.
Os impactos da paralisação associados à queda no número de pintos de corte alojados nos últimos meses apontam para a manutenção da tendência de alta nos preços do frango. Segundo dados da Apinco (Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte) fornecidos ao jornal Valor Econômico, 469,8 milhões de pintinhos foram alojados nas granjas do país em abril, representando uma queda de 7,6% na comparação anual.
A redução do número de alojamentos já vinha sendo articulada pelo setor avícola brasileiro com o objetivo de ajustar a produção após o cancelamento das exportações da carne brasileira à União Europeia. "Nunca produzimos tão pouco", disse o secretário-executivo da Apinco, José Carlos Godoy, ao Valor Econômico.
Outro fator que pesa sobre a tendência de alta no preço da carne de frango é a cotação dos grãos, que se reflete sobre os custos de produção do setor. No último mês de maio, a média de preço da saca de 60 kg de milho ficou em R$42,69, representando uma elevação de 6,9% na comparação com abril – maior patamar nominal desde novembro de 2016, segundo levantamento do Cepea.
Segundo o Valor Econômico, o Rabobank revisou sua estimativa e agora prevê uma queda de 3% na produção brasileira de carne de frango em 2018. No início do ano, o banco holandês estimava um crescimento de 2%, segundo o analista Adolfo Fontes. No ano passado, os frigoríficos brasileiros produziram 13 milhões de toneladas de carne de frango, de acordo com a ABPA.
Se é negativa para os consumidores, a redução da oferta de frango pode ser uma luz no fim do túnel para os frigoríficos. "A rentabilidade da indústria acabará melhorando no segundo semestre", projetou o analista do Rabobank - Valor Econômico.
A alta dos preços do frango também pode ajudar os frigoríficos de carne bovina, que sofreram ao longo do primeiro semestre desse ano para concorrer pela preferência dos consumidores. Segundo o Rabobank, enquanto em boa parte do primeiro semestre foi possível comprar mais de três quilos de carne de frango pelo preço de um quilo de carne bovina, hoje a relação está em 2,5 quilos de frango para um quilo de carne bovina.