Quadros respiratórios em avicultura: a informação é chave para tomada de decisão
Quadros respiratórios em avicultura: a informação é chave para tomada de decisão
O sistema imune do frango de corte é formado por um complexo sistema constituído por órgãos linfoides primários e secundários, produtores das respostas imunes inatas e adaptativas.
Alguns fatores podem alterar o funcionamento deste sistema e gerar uma proteção deficiente do organismo frente a desafios sanitários.
A compreensão dos fatores de risco imunossupressores e de sua patogênese são essenciais para obtenção de melhor saúde, bem-estar e contribuição total de avanços genéticos e nutricionais para a produção eficiente, obtendo uma ave cada vez mais produtiva e resistente às doenças.
A imunossupressão é uma condição caracterizada por uma disfunção imunológica humoral e celular que leva ao aumento da suscetibilidade a infecções secundárias e falha de resposta a vacinação.
A disfunção imunológica no nível humoral é em grande parte devida a alterações nos fatores solúveis mediados pelo sistema complemento ou quimiocinas para imunidade inata ou devido a alterações em anticorpos ou citocinas para imunidade adaptativa.
Já as disfunções imunológicas em níveis celulares incluem alterações em neutrófilos, monócitos/macrófagos e células natural killers para imunidade inata ou alterações em linfócitos B ou T para imunidade adaptativa.
Fatores relacionados ao manejo das aves, como oscilação brusca da temperatura do galpão, aumento da densidade das aves e restrição de acesso à água e ração, geram estresse e desencadeiam a produção orgânica de glicocorticoide, atrofia dos órgãos linfoides das aves e imunossupressão.
Os principais fatores não infecciosos responsáveis pela imunossupressão são as micotoxinas e aminas biogênicas.
Elas inibem a síntese de proteínas e de ácidos nucleicos, indispensáveis para a proliferação e diferenciação de células linfoides, causando aplasia do timo e da bursa de Fabricius, redução do número e da atividade das células T e redução de componentes humorais como complemento (c4), interferon e imunoglobulinas.
Infecções causadas por vírus, como os da Anemia infecciosa e Doença de Gumboro, causam necrose de células linfoides presentes no timo e bursa de Fabricius respectivamente, levando à atrofia desses órgãos e consequente imunossupressão.
Outras doenças virais, como Marek e leucose linfoide acometem vários órgãos, causando neoplasia das células linfoides, trazendo prejuízos à resposta imune da ave.
A imunossupressão em frangos de corte está associada à falhas na resposta vacinal e predisposição à agentes secundários.
Nesse contexto, a ocorrência das doenças causadas por vírus respiratórios em aves imunocomprometidas merece destaque, pois a produção de anticorpos das classes IgA, IgM e IgY, responsáveis pela neutralização do vírus e ativação do sistema imune local, podem estar comprometidas.
Para os principais agentes causadores de doenças do sistema respiratório em aves como o vírus da bronquite e o metapneumovírus aviário, o mecanismo de imunossupressão parece envolver mais a imunidade respiratória inata do que a imunidade adquirida.
A replicação viral ocorre no citoplasma das células epiteliais ciliadas, com perda das atividades ciliar que reveste a mucosa dos condutos nasais, da laringe e da traqueia das aves afetadas.
Com isso, há facilitação da invasão do pulmão e sacos aéreos, agravando as enfermidadese facilitando as infecções bacterianas secundárias.
O vírus da doença de Newcastle promove alterações no sistema imune, como necrose em linfócitos, depleção dos órgãos linfóides e apoptose de linfócitos no sangue periférico e de células mononucleares. Estes fatores podem aumentar a susceptibilidade a infecções bacterianas secundárias e agravar o quadro das doenças respiratórias.
As doenças respiratórias, como bronquite infecciosa das galinhas, metapneumovírus aviário e laringotraqueíte, podem apresentar sinais clínicos bem semelhantes e os vírus podem atuar em sinergia com outros agentes, tornando o diagnóstico clínico mais difícil.
Por isso, as análises laboratoriais são utilizadas como ferramenta para confirmar ou excluir diagnósticos de infecção, monitorar respostas de vacinação e auxiliar no diagnóstico diferencial.
Um diagnóstico assertivo é essencial para que o manejo seja realizado da melhor forma e por isso é preciso, em grande parte dos casos, combinar diferentes técnicas analíticas. As principais técnicas utilizadas são:
Causada por um Coronavírus que se diferenciam de acordo com as glicoproteínas de seu envelope. O surgimento de novas variantes do vírus ocorre devido processos de mutação e recombinação genética característicos desta família viral.
É considerado um patógeno do sistema respiratório, porém o vírus possui potencial de causar lesões em outros tecidos da ave como bursa de Fabricius, trato reprodutivo, intestinal e urinário. No Brasil a prevalência é de sorotipos Massachusetts, variante brasileira (BR-I) e G1-23 (ou Variante 2).
Dentre esses sorotipos, a Massachusetts figura como a mais difundida entre os planteis e constitui a principal vacina de escolha para o controle desta doença, contribuindo com a amplitude do espectro de proteção dos lotes.
A detecção do agente pode ser por método molecular, como a reação de cadeia de polimerase, como RT-PCR, em amostras de traqueias, rins, oviduto e tonsilas cecais.
Para avaliação vacinal e da pressão de infecção o método sorológico de ELISA é amplamente utilizado e tem especial importância quando os dados são avaliados em um histórico de dados consistente.
Usualmente nomeada como Síndrome da Cabeça Inchada (SHS, do inglês swollen head syndrome), o metapneumovírus aviário é o agente etiológico desta doença que acomete as aves de modo geral.
Da família Paramyxoviridae, é um vírus envelopado classificado em subtipos diferentes (A, B, C e D) e, até o momento, no Brasil foram identificados a presença dos subtipos A e B. Frangos e galinhas são altamente susceptíveis ao subtipo B e apresentam soroconversão cruzada para o subtipo A.
Os sinais predominantes são respiratórios, caracterizados por um inchaço inicialmente na região periocular podendo atingir um edema subcutâneo por toda cabeça da ave.
O controle da doença através da vacinação requer uma monitoria através de métodos indiretos, como a sorologia por ELISA.
Porém, testes moleculares a fim de identificar o subtipo prevalente contribui com uma melhor estratégia vacinal. Sorologia por ELISA e a confirmação por RT-PCR podem ser os métodos de diagnóstico.
Causada por um Herpesvírus é uma doença de notificação obrigatória em que quadros severos podem causar 50% de mortalidade.
Os sintomas normalmente são dificuldade respiratória com eventual expectoração de exsudato sanguinolento, a depender da manifestação da infecção se de forma branda ou mais grave.
As glicoproteínas presentes no envelope do vírus possuem o papel de estimular as respostas humorais e celulares.
A imunidade humoral ocorre, porém, a imunidade mediada por células é o fator mais importante de proteção. Portanto, o uso estratégico de vacinas que sejam capazes de ativar imunidade celular e humoral é fundamental.
Atualmente, no Brasil a utilização de vacinas vivas contra essa enfermidade requer autorização específica do MAPA, enquanto vacinas vetorizadas são permitidas.
A melhor maneira de diagnóstico consiste em isolados laboratoriais e, assim como para as demais, práticas de biosseguridade são fundamentais para o controle desta doença.
A biologia molecular permite a detecção do agente no momento da replicação, sendo importante definir bem o intervalo da coleta. A técnica de Real Time PCR permite estimar a carga viral do agente em determinada amostra.
Para mensurar o título de anticorpos de uma amostra contra determinado agente é utilizada a técnica de sorologia.
Nas doenças respiratórias, os kits comerciais não distinguem entre as cepas de campo e vacinais, sendo importante realizar coletas pareadas:
A histopatologia é outra ferramenta que contribui auxiliando na confirmação dos achados de necrópsia avaliando os órgãos coletados, por exemplo, no caso das traqueias é avaliada a presença de cílios, descamação, edema, infiltrado e outros aspectos relevantes.
A característica das lesões ao microscópio pode indicar quais agentes, infecciosos ou não, podem estar relacionados aos sinais clínicos e servem para acompanhar a progressão do quadro.
A Boehringer Ingelheim Animal Health disponibiliza de um portifólio eficiente e know-how técnico para atendimento a campo e laboratorial com suporte de novas tecnologias, utilizando plataformas para facilitar o entendimento, atendimento e resposta para seu cliente. destacar
Um dos serviços oferecidos são o de monitoria e diagnóstico para doenças respiratórias realizados em laboratório próprio, o Laboratório VTS (Vaccination, Technologies and Services) e em parceria com laboratórios referências.
Desde 2021, o time técnico de avicultura conta com a plataforma BIPE Lab, um aplicativo onde cada cliente possui o seu próprio perfil acessado por login e senha.
No BIPE Lab é escolhido o tipo de monitoria ou diagnóstico para lançamento das solicitações de análise, que serão direcionadas ao time técnico de campo responsável para aprovação e posteriormente direcionadas de forma eficiente ao time de laboratório.
O aplicativo permite a inclusão das informações necessárias como lote, idade, data de coleta, vacina utilizada, campo de observações e fotos. São informações importantes para garantir o correto processamento das amostras e preenchidas de forma rápida e intuitiva.
Cada solicitação gera um número de protocolo que pode ser acompanhado pelos clientes e responsáveis técnicos pelo atendimento.
Após a remessa das amostras, é possível acompanhar qual o status do processamento e os laudos e relatórios são posteriormente anexados no aplicativo permitindo que o usuário tenha o histórico de resultados e acompanhamentos na palma da mão.
Com isso, a plataforma BIPE Lab, alinhada a sustentabilidade, dispensa o uso de solicitações em papéis e garante a rastreabilidade das monitorias ou diagnósticos e proporciona aos clientes maior autonomia, rastreabilidade, histórico e informações para sustentar a tomada de decisões nas estratégias sanitárias.
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