05 jun 2024

Quadros respiratórios em avicultura: a informação é chave para tomada de decisão

Quadros respiratórios em avicultura: a informação é chave para tomada de decisão O sistema imune do frango de corte é […]

Available in other languages:

Quadros respiratórios em avicultura: a informação é chave para tomada de decisão

O sistema imune do frango de corte é formado por um complexo sistema constituído por órgãos linfoides primários e secundários, produtores das respostas imunes inatas e adaptativas. 

Alguns fatores podem alterar o funcionamento deste sistema e gerar uma proteção deficiente do organismo frente a desafios sanitários.

A compreensão dos fatores de risco imunossupressores e de sua patogênese são essenciais para obtenção de melhor saúde, bem-estar e contribuição total de avanços genéticos e nutricionais para a produção eficiente, obtendo uma ave cada vez mais produtiva e resistente às doenças.

A imunossupressão é uma condição caracterizada por uma disfunção imunológica humoral e celular que leva ao aumento da suscetibilidade a infecções secundárias e falha de resposta a vacinação.

Continue após a publicidade.

A disfunção imunológica no nível humoral é em grande parte devida a alterações nos fatores solúveis mediados pelo sistema complemento ou quimiocinas para imunidade inata ou devido a alterações em anticorpos ou citocinas para imunidade adaptativa.

Já as disfunções imunológicas em níveis celulares incluem alterações em neutrófilos, monócitos/macrófagos e células natural killers para imunidade inata ou alterações em linfócitos B ou T para imunidade adaptativa.

Fatores relacionados ao manejo das aves, como oscilação brusca da temperatura do galpão, aumento da densidade das aves e restrição de acesso à água e ração, geram estresse e desencadeiam a produção orgânica de glicocorticoide, atrofia dos órgãos linfoides das aves e imunossupressão. 

Os principais fatores não infecciosos responsáveis pela imunossupressão são as micotoxinas e aminas biogênicas. 

Elas inibem a síntese de proteínas e de ácidos nucleicos, indispensáveis para a proliferação e diferenciação de células linfoides, causando aplasia do timo e da bursa de Fabricius, redução do número e da atividade das células T e redução de componentes humorais como complemento (c4), interferon e imunoglobulinas.

Infecções causadas por vírus, como os da Anemia infecciosa e Doença de Gumboro, causam necrose de células linfoides presentes no timo e bursa de Fabricius respectivamente, levando à atrofia desses órgãos e consequente imunossupressão.

Outras doenças virais, como Marek e leucose linfoide acometem vários órgãos, causando neoplasia das células linfoides, trazendo prejuízos à resposta imune da ave.

A imunossupressão em frangos de corte está associada à falhas na resposta vacinal e predisposição à agentes secundários.  

Nesse contexto, a ocorrência das doenças causadas por vírus respiratórios em aves imunocomprometidas merece destaque, pois a produção de anticorpos das classes IgA, IgM e IgY, responsáveis pela neutralização do vírus e ativação do sistema imune local, podem estar comprometidas.

Para os principais agentes causadores de doenças do sistema respiratório em aves como o vírus da bronquite e o metapneumovírus aviário, o mecanismo de imunossupressão parece envolver mais a imunidade respiratória inata do que a imunidade adquirida.

A replicação viral ocorre no citoplasma das células epiteliais ciliadas, com perda das atividades ciliar que reveste a mucosa dos condutos nasais, da laringe e da traqueia das aves afetadas.

Com isso, há facilitação da invasão do pulmão e sacos aéreos, agravando as enfermidadese facilitando as infecções bacterianas secundárias. 

O vírus da doença de Newcastle promove alterações no sistema imune, como necrose em linfócitos, depleção dos órgãos linfóides e apoptose de linfócitos no sangue periférico e de células mononucleares. Estes fatores podem aumentar a susceptibilidade a infecções bacterianas secundárias e agravar o quadro das doenças respiratórias.

As doenças respiratórias, como bronquite infecciosa das galinhas, metapneumovírus aviário e laringotraqueíte, podem apresentar sinais clínicos bem semelhantes e os vírus podem atuar em sinergia com outros agentes, tornando o diagnóstico clínico mais difícil.

Por isso, as análises laboratoriais são utilizadas como ferramenta para confirmar ou excluir diagnósticos de infecção, monitorar respostas de vacinação e auxiliar no diagnóstico diferencial. 

Um diagnóstico assertivo é essencial para que o manejo seja realizado da melhor forma e por isso é preciso, em grande parte dos casos, combinar diferentes técnicas analíticas. As principais técnicas utilizadas são:

Causada por um Coronavírus que se diferenciam de acordo com as glicoproteínas de seu envelope. O surgimento de novas variantes do vírus ocorre devido processos de mutação e recombinação genética característicos desta família viral.

É considerado um patógeno do sistema respiratório, porém o vírus possui potencial de causar lesões em outros tecidos da ave como bursa de Fabricius, trato reprodutivo, intestinal e urinário. No Brasil a prevalência é de sorotipos Massachusetts, variante brasileira (BR-I) e G1-23 (ou Variante 2).

Dentre esses sorotipos, a Massachusetts figura como a mais difundida entre os planteis e constitui a principal vacina de escolha para o controle desta doença, contribuindo com a amplitude do espectro de proteção dos lotes.

A detecção do agente pode ser por método molecular, como a reação de cadeia de polimerase, como RT-PCR, em amostras de traqueias, rins, oviduto e tonsilas cecais.

Para avaliação vacinal e da pressão de infecção o método sorológico de ELISA é amplamente utilizado e tem especial importância quando os dados são avaliados em um histórico de dados consistente.

Usualmente nomeada como Síndrome da Cabeça Inchada (SHS, do inglês swollen head syndrome), o metapneumovírus aviário é o agente etiológico desta doença que acomete as aves de modo geral.

Da família Paramyxoviridae, é um vírus envelopado classificado em subtipos diferentes (A, B, C e D) e, até o momento, no Brasil foram identificados a presença dos subtipos A e B. Frangos e galinhas são altamente susceptíveis ao subtipo B e apresentam soroconversão cruzada para o subtipo A.

Os sinais predominantes são respiratórios, caracterizados por um inchaço inicialmente na região periocular podendo atingir um edema subcutâneo por toda cabeça da ave.

O controle da doença através da vacinação requer uma monitoria através de métodos indiretos, como a sorologia por ELISA.

Porém, testes moleculares a fim de identificar o subtipo prevalente contribui com uma melhor estratégia vacinal. Sorologia por ELISA e a confirmação por RT-PCR podem ser os métodos de diagnóstico.

Causada por um Herpesvírus é uma doença de notificação obrigatória em que quadros severos podem causar 50% de mortalidade.  

Os sintomas normalmente são dificuldade respiratória com eventual expectoração de exsudato sanguinolento, a depender da manifestação da infecção se de forma branda ou mais grave.

As glicoproteínas presentes no envelope do vírus possuem o papel de estimular as respostas humorais e celulares.

A imunidade humoral ocorre, porém, a imunidade mediada por células é o fator mais importante de proteção. Portanto, o uso estratégico de vacinas que sejam capazes de ativar imunidade celular e humoral é fundamental.

Atualmente, no Brasil a utilização de vacinas vivas contra essa enfermidade requer autorização específica do MAPA, enquanto vacinas vetorizadas são permitidas. 

A melhor maneira de diagnóstico consiste em isolados laboratoriais e, assim como para as demais, práticas de biosseguridade são fundamentais para o controle desta doença.

A biologia molecular permite a detecção do agente no momento da replicação, sendo importante definir bem o intervalo da coleta. A técnica de Real Time PCR permite estimar a carga viral do agente em determinada amostra.

Para mensurar o título de anticorpos de uma amostra contra determinado agente é utilizada a técnica de sorologia.

Nas doenças respiratórias, os kits comerciais não distinguem entre as cepas de campo e vacinais, sendo importante realizar coletas pareadas:

A histopatologia é outra ferramenta que contribui auxiliando na confirmação dos achados de necrópsia avaliando os órgãos coletados, por exemplo, no caso das traqueias é avaliada a presença de cílios, descamação, edema, infiltrado e outros aspectos relevantes.

A característica das lesões ao microscópio pode indicar quais agentes, infecciosos ou não, podem estar relacionados aos sinais clínicos e servem para acompanhar a progressão do quadro. 

A Boehringer Ingelheim Animal Health disponibiliza de um portifólio eficiente e know-how técnico para atendimento a campo e laboratorial com suporte de novas tecnologias, utilizando plataformas para facilitar o entendimento, atendimento e resposta para seu cliente. destacar

Um dos serviços oferecidos são o de monitoria e diagnóstico para doenças respiratórias realizados em laboratório próprio, o Laboratório VTS (Vaccination, Technologies and Services) e em parceria com laboratórios referências.

Desde 2021, o time técnico de avicultura conta com a plataforma BIPE Lab, um aplicativo onde cada cliente possui o seu próprio perfil acessado por login e senha.

No BIPE Lab é escolhido o tipo de monitoria ou diagnóstico para lançamento das solicitações de análise, que serão direcionadas ao time técnico de campo responsável para aprovação e posteriormente direcionadas de forma eficiente ao time de laboratório.

O aplicativo permite a inclusão das informações necessárias como lote, idade, data de coleta, vacina utilizada, campo de observações e fotos. São informações importantes para garantir o correto processamento das amostras e preenchidas de forma rápida e intuitiva.

Cada solicitação gera um número de protocolo que pode ser acompanhado pelos clientes e responsáveis técnicos pelo atendimento.

Após a remessa das amostras, é possível acompanhar qual o status do processamento e os laudos e relatórios são posteriormente anexados no aplicativo permitindo que o usuário tenha o histórico de resultados e acompanhamentos na palma da mão.

Com isso, a plataforma BIPE Lab, alinhada a sustentabilidade, dispensa o uso de solicitações em papéis e garante a rastreabilidade das monitorias ou diagnósticos e proporciona aos clientes maior autonomia, rastreabilidade, histórico e informações para sustentar a tomada de decisões nas estratégias sanitárias. 

Referências Bibliográficas, clique AQUI.

Relacionado com Patologia e Saúde Animal

MAIS CONTEÚDOS DE

Quadros respiratórios em avicultura: a informação é chave para tomada de decisão Dados da empresa

REVISTA AVINEWS BRASIL
ISSN 2965-341X

Assine agora a melhor revista técnica sobre avicultura

EDIÇÃO aviNews Brasil 4TRI 2024
Imagen Revista Nivalenol, uma micotoxina emergente que aumenta a complexidade do controle do desoxinivalenol (DON)

Nivalenol, uma micotoxina emergente que aumenta a complexidade do controle do desoxinivalenol (DON)

Augusto Heck
Imagen Revista Estratégias nutricionais para fertilidade de machos reprodutores

Estratégias nutricionais para fertilidade de machos reprodutores

Brunna Garcia
Imagen Revista Saúde intestinal – parasitoses internas e seu desafio na produção em sistemas alternativos 

Saúde intestinal – parasitoses internas e seu desafio na produção em sistemas alternativos 

Equipe Técnica H&N
Imagen Revista Manter o atual status sanitário, equilíbrio nos custos de produção e sustentabilidade serão decisivos para a avicultura brasileira em 2025

Manter o atual status sanitário, equilíbrio nos custos de produção e sustentabilidade serão decisivos para a avicultura brasileira em 2025

Paulo Teixeira
Imagen Revista Vacinação contra Salmonella em aves de postura comercial e a relação com índices zootécnicos

Vacinação contra Salmonella em aves de postura comercial e a relação com índices zootécnicos

Daniela Duarte de Oliveira
Imagen Revista A influência da dieta maternal sobre o desempenho de frangos de corte

A influência da dieta maternal sobre o desempenho de frangos de corte

Vinicius Santos Moura
Imagen Revista Ácidos orgânicos no período de jejum pré-abate de frangos. Uma estratégia de suporte para diminuir as contaminações por enteropatógenos

Ácidos orgânicos no período de jejum pré-abate de frangos. Uma estratégia de suporte para diminuir as contaminações por enteropatógenos

Fabrizio Matté Luiz Eduardo Takano Patrick Iury Roieski
Imagen Revista Estratégia nutricional para melhor qualidade de casca de ovos: uso de minerais orgânicos

Estratégia nutricional para melhor qualidade de casca de ovos: uso de minerais orgânicos

Equipe Técnica Biochem
Imagen Revista Importância dos pesos iniciais para o desempenho dos frangos de corte

Importância dos pesos iniciais para o desempenho dos frangos de corte

José Luis Januário Lucas Volnei Schneider
Imagen Revista Recomendações técnicas para sanitizar ovos incubáveis de galinha

Recomendações técnicas para sanitizar ovos incubáveis de galinha

Dr. Vinícius Machado dos Santos Gabriel da Silva Oliveira
Imagen Revista Qual o melhor plano nutricional para codornas europeias?

Qual o melhor plano nutricional para codornas europeias?

Adiel Vieira de Lima Aline Beatriz Rodrigues Dr. Fernando Perazzo Matheus Ramalho de Lima Paloma Eduarda Lopes de Souza
Imagen Revista Perspectivas de recordes para a avicultura brasileira

Perspectivas de recordes para a avicultura brasileira

Ricardo Santin
Imagen Revista Artrite e suas causas multifatoriais em frangos de corte – Parte 2

Artrite e suas causas multifatoriais em frangos de corte – Parte 2

Cláudia Balzan Eduarda da Silva
Imagen Revista Cobre e suas funções em dieta das galinhas poedeiras: vantagens da forma quelatada

Cobre e suas funções em dieta das galinhas poedeiras: vantagens da forma quelatada

Tatiana Carlesso dos Santos Vinício dos Santos Cardoso
Imagen Revista Machos reprodutores: como obter bons indicadores de fertilidade na fase de produção

Machos reprodutores: como obter bons indicadores de fertilidade na fase de produção

Cidimar Trevisan Eduardo Kohl Marcel Pacheco
Imagen Revista Modelagem matemática com a equação de Gompertz e suas aplicações no crescimento de frangos de corte

Modelagem matemática com a equação de Gompertz e suas aplicações no crescimento de frangos de corte

Juan Gabriel Espino

JUNTE-SE À NOSSA COMUNIDADE AVÍCOLA

Acesso a artigos em PDF
Mantenha-se atualizado com nossas newsletters
Receba a revista gratuitamente em versão digital

DESCUBRA
AgriFM - Os podcasts do setor agrícola em português
agriCalendar - O calendário de eventos do mundo agrícolaagriCalendar
agrinewsCampus - Cursos de formação para o setor agrícola e da pecuária