Segundo Gouvêa, reduzir os custos de produção do setor é fundamental para manter o estado de SC competitivo. “E isso envolve o fornecimento de milho, toda a parte de estrutura e transporte”, afirmou o então diretor-executivo da ACAV.
Ricardo de Gouvêa e os desafios para a avicultura catarinense
Conquistar melhorarias para a infraestrutura rodoviária é um dos grandes desafios da avicultura catarinense em 2019, tanto para escoamento de […]
Conquistar melhorarias para a infraestrutura rodoviária é um dos grandes desafios da avicultura catarinense em 2019, tanto para escoamento de produção, como para abastecimento de grãos para alimentação animal. Essa é a visão do atual do Secretário de Estado da Agricultura e Pesca de Santa Catarina, Ricardo de Gouvêa, apresentada à aviNews Brasil em setembro de 2018, durante a realização do 12º Simpósio Técnico da ACAV (Associação Catarinense de Avicultura).
Na ocasião, Gouvêa destacou a BR 163 como alternativa para abastecer SC com milho trazido do Mato do Grosso. “Temos um grupo trabalhando fortemente nisso, uma parceria com a iniciativa privada, comprometimento com núcleos“, destacou Gouvêa.
Ricardo de Gouvêa, à direita, com o novo governador de SC, Carlos Moisés da Silva.
Ele também citou a Rota do Milho, que traz o grão do Paraguai, passando por dentro da Argentina, reduzindo a distância e, consequentemente, o valor do frete. “Nesse momento nós estamos pagando um frete muito alto no milho que vem do MT“, avaliou Gouvêa. “Então, se conseguirmos fazer isso (melhorar a BR 163) e aumentar o volume de milho que vem do Paraguai, teremos uma outra perspectiva para o abastecimento de Santa Catarina“, completou.
Gouvêa falou ainda sobre as BRs 470 e 280, utilizadas para escoamento de toda a produção do Oeste do estado até os portos. Segundo ele, um teste realizado em caminhões com lacres eletrônicos, demonstrou que veículos chegam levar entre dois e três dias para percorrer distâncias entre 600 e 800 km.
“Acho que temos que trabalhar muito essa questão para poder viabilizar a produtividade da indústria de Santa Catarina”, afirmou Gouvêa na ocasião.
Trabalho Conjunto
A solução dos problemas relacionados à infraestrutura rodoviária vai exigir do Secretário trabalho integrado com outras secretarias, além da própria iniciativa privada. Espera-se que tenha um grande peso nessa mobilização o argumento de que 66% das exportações catarinenses são oriundas do agronegócio, sendo a proteína animal o principal produto.
Até novembro de 2018, Santa Catarina foi responsável pela exportação de 967 mil toneladas de carne de frango, o que representa 25,78% do total exportado pelo Brasil no período. Em termos de receitas, trata-se de US$ 1,62 bilhões.
O volume de carne suína exportado por Santa Catarina até novembro de 2018 foi de 297 mil toneladas, 50,4% do total exportado pelo País. Gerando uma receita de US$ 555 milhões.
Sanidade Animal
À imprensa catarinense, Ricardo de Gouvêa anunciou que a sanidade animal é uma das prioridades do novo Governo. “A pedido do governador vou trabalhar numa gestão com a experiência que trago da iniciativa privada, cortando gastos, mas uma das nossas prioridades é manter e cuidar da sanidade do nosso estado, para preservar a produção de frangos e suínos“, disse Gouvêa ao colunista Darci Debona, do portal NSC.
Para ele, a condição de Santa Catarina, onde prevalecem as pequenas propriedades familiares, privilegia o setor. “O Centro Oeste tem a grande vantagem de ter o grão perto, mas aí o empresário, além da avicultura, tem outras atividades”, explicou Gouvêa. “E aqui (em SC) você tem o produtor familiar, que dedica muito cuidado à atividade porque ele depende totalmente da atividade e, sem dúvida, isso faz diferença”, completou.
Segundo o site NSC, o Secretário deverá manter as 63 barreiras sanitárias nas divisas com Paraná e Rio Grande do Sul, além da fronteira com a Argentina. Ele também manifestou ao NSC que defende que o estado continue como área livre de aftosa sem vacinação de forma independente dos demais estados.
Compartimentação
Para Gouvêa, Santa Catarina abrigar a primeira compartimentação do mundo em frango de corte foi o ponto alto da avicultura catarinense em 2018. Em março do ano passado a unidade produtora de carne de frango da Seara Alimentos de Itapiranga recebeu o certificado de Compartimentação para a Influenza Aviária e Doença de Newcastle.
“Santa Catarina já se diferencia dos outros estados brasileiros pelo seu status sanitário e isso é reconhecido lá fora também”, afirmou Gouvêa. “Tanto que alguns mercados têm uma preferência por Santa Catarina, mesmo no frango”, completou.
O projeto de Compartimentação visa dividir a população de aves em subpopulações com o objetivo de aumentar o controle sanitário das aves, com aplicação mais rigorosa de normas de biosseguridade, análises de riscos frequentes e com um sistema de rastreabilidade. A vigilância é aplicada aos planteis internos e aos animais suscetíveis do entorno das unidades compartimentadas.
Apoio
A nomeação de Ricardo de Gouvêa à Secretaria da Agricultura e Pesca de Santa Catarina vem recebendo manifestações de apoio. No último dia 7/1, Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o visitou para dar boas-vindas e parabeniza-lo pelo novo cargo. Durante o encontro, Turra e Gouvêa abordaram temas como exportação de carnes e o fortalecimento do setor.

Francisco Turra, presidente da ABPA, visitou Ricardo de Gouvêa em SC
“Ricardo Gouvêa tem conhecimento mercadológico e respaldo técnico para assumir o novo cargo. Tem grande experiência no setor de proteína animal e saberá aproveitar as oportunidades de negócio que surgirão para o setor produtivo catarinense, que é o maior produtor nacional de suínos e segundo maior produtor de aves do Brasil”.
O presidente da Faesc (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina), José Zeferino Pedrozo, também festejou a escolha e destacou que o novo secretário conhece o setor.
“Ele acompanhou a evolução da agroindústria catarinense e os principais avanços do setor nos últimos 30 anos”, declarou Pedrozo ao jornal O Correio do Povo. “Gouvêa nos acompanhou em Paris na ocasião em que a OIE (Organização Mundial de Sanidade Animal) declarou Santa Catarina área livre de aftosa sem vacinação”, completou.
Gouvêa é conselheiro executivo e fundador do Icasa (Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária) e diretor-executivo do Sindicarne (Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do estado) e da ACAV.
Ele também é membro do Coagro/CNI (Conselho Temático do Agronegócio na Confederação Nacional da Indústria), da Câmara Temática do Suasa (Sistema Unificado da Atenção à Sanidade Agropecuária), do Conselho da Faesc e do Foniagro (Fórum Nacional do Sistema de Integração).
O secretário foi membro do Conselho Diretivo e presidente da Câmara de Sustentabilidade da ABPA, acompanhou missões internacionais para abertura de novos mercados como Rússia, Cingapura, Japão e Coreia do Sul, e desenvolveu o trabalho de contratação e acompanhamento da assessoria prestada por um instituto italiano durante 3 anos ao sistema de Defesa Sanitária de Santa Catarina.