07 mar 2018

União Europeia e Hong Kong pedem explicações sobre Carne Fraca

O governo de Santa Catarina afirma que a denúncia é voltada a apenas uma empresa, mas que ainda assim poderá refletir em prejuízos para o estado

A União Europeia e Hong Kong estão pedindo explicações às autoridades brasileiras sobre a nova fase da Operação Carne Fraca deflagrada na última segunda-feira (5/3). A Operação Trapaça investiga laboratórios particulares registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF), que estariam fraudando os resultados de análises laboratoriais de aves, cuja carne era vendida para consumo humano no Brasil e no exterior.

Conforme divulgado pelo portal EBC, a União Europeia acionou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na própria segunda-feira (5/3) à noite, pedindo esclarecimentos a respeito da possível presença da bactéria na carne de aves exportada para o mercado europeu.

Além disso, poucas horas após a deflagração da operação policial no Brasil, as autoridades de segurança alimentar europeias já haviam incluído no Sistema de Alerta Rápido para Alimentos (o chamado RASFF - Food and Feed Safety Alerts) um alerta sobre a possível presença da Salmonella em carne de frango congelado produzido no Brasil.

Segundo informações disponíveis no próprio site de acesso ao sistema, as notificações permitem o rápido compartilhamento de informações entre todos os países-membros do bloco, para que, quando necessário, o produto sob suspeita seja recolhido das prateleiras, minimizando os riscos à segurança alimentar e ao bem-estar dos consumidores europeus.

O Centro de Segurança Alimentar de Hong Kong também informou em seu site que está investigando se os produtos sob suspeita foram importados e que estava contactando as autoridades brasileiras para obter mais informações sobre o ocorrido e só de posse das informações necessárias adotaria qualquer medida.

Procurada, a assessoria do Mapa confirmou apenas que a pasta já recebeu o pedido de informações da comunidade europeia.  Ao jornal Valor Econômico, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, informou que  a Pasta está agindo em parceria com as embaixadas brasileiras nos países que importam carne de frango do Brasil, com o objetivo de evitar possíveis embargos.

A missão dada aos embaixadores é informar aos respectivos governos que o Ministério da Agricultura já havia identificado, recentemente, inconformidades com os índices de salmonela na carne de frango exportada. E, antes mesmo da Operação Trapaça ser deflagrada, já havia proibido sete unidades da BRF, Seara (JBS) e Aurora de exportar a 12 mercados, entre os quais União Europeia, Rússia, Cingapura e África do Sul.

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Exportações

O Ministério da Agricultura suspendeu já na segunda-feira (5/3) as exportações dos frigoríficos investigados na terceira fase da Operação Carne Fraca para 11 países e a União Europeia. Os países são África do Sul, Argélia, Coreia do Sul, Israel, Irã, Macedônia, Maurício, Tadjiquistão, Suíça, Ucrânia e Vietnã, que, a exemplo da União Europeia, exigem requisitos sanitários específicos de controle e tipificação de Salmonella spp.

Estão sendo investigadas quatro plantas industriais da BRF, uma das maiores empresas do setor de alimentos no mundo e dona das marcas Sadia, Perdigão e Qualy. Das unidades investigadas, duas são de frango – uma fica em Rio Verde (GO) e outra em Carambei (PR) - e uma de perus, localizada em Mineiros (GO). Além dessas, a PF também investiga uma fábrica de rações da empresa em Chapecó (SC).

BRF

Em nota, a BRF alegou que nenhuma das frentes de investigação da Polícia Federal diz respeito a algo que possa causar dano à saúde públicaO mesmo enfoque já havia sido destacado pelo Mapa em nota oficial que afirma que a presença da bactéria salmonela é comum, principalmente em carne de aves, pois faz parte da flora intestinal desses animais.

Em relação às acusações da ex-funcionária da empresa, Adriana Marques Carvalho, que afirmou ter sido pressionada por superiores para alterar resultados de análises laboratoriais, a empresa se limitou a informar que a profissional foi desligada da empresa em julho de 2014 e ingressou com ação trabalhista contra a empresa.

As acusações da ex-funcionária foram tomadas com seriedade pela companhia, e medidas técnicas e administrativas foram implementadas para aprimorar seus procedimentos internos”, diz a empresa.

FACTA

A FACTA (Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas), divulgou uma nota na última terça-feira (6/3) com o objetivo de esclarecer alguns pontos relativos à produção de aves e o processamento desta carne no Brasil. A nota destaca que hoje o País é o maior exportador de carne de frango do mundo, posição conquistada pela qualidade do produto, reputação esta conseguida, entre outros atributos, pela especialização dos técnicos diretamente envolvidos no setor.

"A FACTA tem contribuído nos últimos 29 anos com a formação destes especialistas, no sentido de assegurar a qualidade dos produtos oferecidos aos mercados externo e interno", informa a nota da entidade. "A FACTA reafirma sua confiança nos técnicos brasileiros e nas normas vigentes e defende que as atividades ilícitas sejam devidamente apuradas e punidas", completa a nota.

"A carne de frango brasileira é motivo de orgulho para todos nós e queremos que isto continue a ser assegurado com competência e lisura", conclui.

Santa Catarina

O Governo do Estado de Santa Catarina também enviou nota à imprensa na última terça-feira (6/3), informando que considera fundamental o trabalho de investigação para que haja a punição dos envolvidos. A nota ressalta que a denúncia é voltada a uma empresa, e não a todo setor produtivo, mas que ainda assim poderá refletir em prejuízos para SC.

O Governo do Estado reforça que a empresa é credenciada e fiscalizada pelo Mapa para exportar e vender em território nacional, sendo a inspeção realizada por fiscais do próprio Ministério. O papel da Secretaria Estadual da Agricultura e da Pesca, no âmbito da sanidade agropecuária, é o acompanhamento sanitário dos rebanhos dentro das propriedades, vigilância da saúde e risco sanitário, controle do trânsito dos animais e permissão de transporte para abate com a certificação primária.

"O Estado acompanha os animais até ser dada a entrada nos frigoríficos habilitados, momento em que o rebanho passa para a tutela do Serviço de Inspeção Federal", destaca a nota.

"A Secretaria da Agricultura e a Cidasc seguem trabalhando em conjunto com a iniciativa privada para garantir a saúde dos rebanhos e a qualidade dos alimentos que chegam à mesa dos consumidores. Lembrando que a carne de frango disponível no mercado é saudável e não oferece riscos à saúde, desde que conservada e preparada de forma adequada".

Com informações do Portal EBC e das assessorias de comunicação

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