Segundo o órgão público norte-americano, o crescimento deverá ser impulsionado pela recuperação das exportações e pelo aumento da demanda doméstica. O relatório aponta que as perspectivas para o crescimento do PIB brasileiro são de 2,5% e a expectativa é de que a inflação permaneça sob controle.
USDA: Brasil deverá produzir 2,3% mais carne de frango em 2019
O Brasil deverá produzir 2,3% mais carne de frango em 2019, chegando a quase 13,9 milhões de toneladas, segundo previsão […]
O Brasil deverá produzir 2,3% mais carne de frango em 2019, chegando a quase 13,9 milhões de toneladas, segundo previsão do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). A informação foi divulgada em um relatório do Departamento publicado nesta segunda-feira (20/9).
O USDA aponta ainda custos mais baixos de ração, principalmente pela maior disponibilidade de soja e, em menor medida, de milho, o que deverá melhorar as margens de lucro dos produtores.
Soja e Milho
As atuais projeções são de que a safra 2018/19 provavelmente estabeleça novo recorde na produção de grãos e oleaginosas. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a depender do clima, a produção de soja poderá superar as expectativas, considerando o aumento de área de plantio para suprir a demandas internacionais.
A perspectiva de alta nas exportações brasileiras de soja se baseia na taxação em 25% da soja em grãos americana pela China. “Com isso, as exportações de soja no Brasil deverão manter-se aquecidas no próximo ano, pois somos o único país capaz de vender o produto e ocupar o espaço deixado pelos norte-americanos”, explica Leonardo Amazonas, analista de mercado de soja da Conab.
Em relação ao milho, a Conab destaca que o resultado das eleições poderá afetar os preços internos, uma vez que os efeitos na economia nacional podem trazer variações significativas no dólar. A Companhia também aponta que o tabelamento do frete pode reduzir o interesse do produtor pela venda do produto, o que aumentaria a quantidade de milho em estoque e a redução de preço.
Como o milho e a soja representam mais de 70% do custo da carne de frango, há um “otimismo cauteloso”, segundo o USDA, de que as margens de lucro continuarão melhorando no ano que vem, apesar da incerteza em relação à volatilidade da taxa de câmbio.
De janeiro a junho de 2018, o custo de produção de carne de frango aumentou 17% no estado do Paraná, maior produtor do Brasil, principalmente pelo aumento de 21% nas despesas com nutrição. A previsão é de que o aumento no custo de produção deve se estabilizar na safra 2018/19.
Consumo
A previsão do USDA é de que o consumo doméstico da carne de frango deverá aumentar em 1,5%. A previsão é baseada num crescimento econômico projetado de 2,5%, inflação abaixo da meta de 4%, confiança do consumidor e preços competitivos do frango em relação à carne bovina e suína.
O USDA aponta que fontes do comércio estimam que a carne de frango permanecerá competitiva em relação à carne bovina e suína em 2019. Levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) aponta que os preços do frango caíram na primeira quinzena de agosto no mercado brasileiro, o que aumentou sua competitividade em relação à carne bovina, cujas cotações estão subindo no mercado nacional.
Exportações
As exportações brasileiras de carne de frango em 2019 deverão crescer 3%, segundo o USDA. O Departamento aponta que, impulsionadas principalmente pela demanda mundial, por conta do impacto negativo da Influenza Aviária em vários países e pela competitividade do produto brasileiro.
O órgão público norte-americano destaca ainda que o aumento das exportações reflete a resiliência da indústria avícola brasileira em superar “a menor credibilidade do serviço de inspeção de carnes do Brasil”, decorrente dos impactos negativos da “carne fraca” e outras operações anticorrupção nos últimos dois anos.
O USDA destaca o empenho brasileiro em abrir novos mercados, apesar de ser o maior exportador de carne de frango do mundo. O esforço se deve ao fato de, apesar de o Brasil exportar carne de frango para 140 países, 91% do volume exportado está concentrado em apenas 25 países.
Principais Mercados
Arábia Saudita – O maior mercado da carne de frango brasileira impôs restrições às importações devido à questão da insensibilização pré-abate. As importações sauditas diminuíram 28% entre janeiro e julho de 2018. Segundo o USDA, embora as fontes do comércio estejam otimistas de que as exportações para a Arábia Saudita se recuperarão em 2019, as fontes governamentais reafirmaram que as negociações continuam.
México e Chile – As exportações para o México e, em menor grau para o Chile, continuarão a se expandir em 2019, enquanto o governo brasileiro negocia o aumento do número de plantas avícolas. O México está agora entre os 10 maiores importadores da carne de frango brasileira. Durante uma recente reunião bilateral, o presidente do México, Peña Nieto, disse ao presidente Temer que as negociações para um acordo de livre comércio com o Brasil teriam que esperar pela conclusão da atual rodada de negociações do NAFTA com os Estados Unidos. Enquanto isso, uma delegação de exportadores brasileiros de milho e aves está visitando o México no final de agosto.
Países do Oriente Médio – De acordo com fontes do USDA, as exportações para esses países provavelmente aumentarão em 2019, mas em níveis mais baixos do que nos anos anteriores, devido ao impacto da questão da insensibilização com a Arábia Saudita.
Angola, Iraque, África do Sul e Coréia do Sul – Acreditando que esses mercados continuarão a aumentar as importações de carne de frango do Brasil, os traders têm realizado intenso trabalho de expansão de mercado nessas regiões.
Rússia – Traders locais indicam que as exportações para a Rússia também se recuperarão no próximo ano.
Venezuela – O mercado venezuelano continua fechado para as exportações brasileiras e deve se manter assim no próximo ano. A crise política e econômica afetou a capacidade do país de pagar pelas importações.
ABPA
A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) realizará uma coletiva de imprensa no próximo dia 23/8 (quinta-feira), em sua sede na cidade de São Paulo (SP). Na ocasião, serão apresentados os números atualizados da avicultura e da suinocultura do Brasil, as projeções para o ano de 2018 e análises de temas que influenciam o desempenho do setor produtivo.