Patologia e Saúde Animal

Enterite necrótica em frangos de corte – Parte 2

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M. V. M. Sc. Dino Garcez

M. V. M. Sc. Dino Garcez

M.V. Letícia Tonoli Braga

Enterite necrótica em frangos de corte – Parte 2

A continuação do primeiro artigo, nesta seção serão abordados o diagnóstico, controle e prevenção da EN nas aves.

 

  • Diagnóstico

O diagnóstico é realizado através da análise do histórico da mortalidade do lote, dos sinais clínicos e achados de necropsia associados com a histopatologia onde se verificam as lesões microscópicas características. Também pode ser realizada sorologia (ELISA) para detecção da toxina bem como isolamento do agente que é feito a partir do conteúdo intestinal (raspado da mucosa ou Placas de Peyer hemorrágicas). Por fim o PCR pode ser realizado a partir de amostras de conteúdo intestinal e/ou raspado da mucosa.

 

  • Lesões microscópicas 

Nos casos de enterites verifica-se fusão das vilosidades intestinais (fotos 1) e hiperplasia das células caliciformes (foto 2), que são as células produtoras de mucina, principal componente do muco.

Enterite necrótica em frangos de corte - Parte 2

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O processo inflamatório é caracterizado pela migração massiva de heterófilos para as regiões em que ocorre a necrose e intenso infiltrado de leucócitos na lâmina basal, concomitantemente com edema, hiperemia, congestão e hemorragia da lâmina própria, submucosa e serosa.

 

    1. Terapêuticos

O controle da mortalidade durante surtos é realizado através da administração de antibióticos via água de bebida ou ração, dentre os principais antibióticos com ação contra G+ podemos citar as tetraciclinas, a tilosina e a amoxicilina.

AMDs

Os AMDs controlam a microbiota patogênica e diminuem a disputa por nutrientes, além de reduzirem a produção de metabólitos depressores do crescimento das aves, assim, melhoram os índices zootécnicos (ganho de peso, conversão alimentar  e mortalidade).

Desde o banimento dos  AMDs na União Europeia em 2006, o seu uso vem sendo reduzido gradativamente a nível mundial, esta iniciativa é apoiada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa a redução da resistência antimicrobiana (RAM). No Brasil, diversos antimicrobianos foram descontinuados na última década, sendo que apenas um número reduzido de AMDs estão permitidos pelo Ministério de Agricultura a Abastecimento (MAPA) para uso em rações. Os principais AMDs utilizados em frangos de corte bem como as suas respectivas doses estão listados abaixo:

Enterite necrótica em frangos de corte - Parte 2

Enterite necrótica em frangos de corte – Parte 2

  1. PREVENÇÃO E CONTROLE DA COCCIDIOSE 

 

  1. Uso de anticoccidianos 

 

  1. Vacinas atenuadas

Podem impedir indiretamente as perdas pelo CP uma vez que a presença de espécies de Eimeria spp. é um fator predisponente da EN. Atualmente, diversas opções de vacinas estão disponíveis mundialmente, com tecnologias inovadoras de desenvolvimento e aplicação que possibilitam segurança e eficiência no seu resultado.

 

  1. PROBIÓTICOS

São aditivos à base de bactérias, leveduras ou fungos que alteram a microbiota intestinal promovendo um balanço entre as diferentes populações bacterianas benéficas que inibem o desenvolvimento de bactérias patogênicas. Em consequência disto, aumentam a integridade intestinal, modulam a imunidade o que se traduz em melhoria da performance zootécnica e contribuem para uma maior inocuidade dos produtos avícolas. 

Dentre os gêneros bacterianos mais utilizados como probióticos se destacam os Bacillus spp., Lactobacillus spp. e Enteroccoccus spp. Além disso, leveduras da espécie Saccharomyces cerevisae são utilizadas de maneira concentrada.

Sua utilização está voltada principalmente para formar a proteção sanitária da ave através da exclusão competitiva, do incremento da resposta imune celular e humoral bem como da redução da permeabilidade intestinal.  Além disso, podem melhorar o desempenho zootécnico através da produção de bacteriocinas, ácidos orgânicos que atuam diretamente sobre CP reduzindo a sua população bem como de enzimas que aumentam a digestibilidade dos ingredientes da ração.

 

  1. FITOGÊNICOS

São aditivos compostos por óleos essenciais (OEs) e/ou extratos vegetais (EVs) que apresentam efeitos antimicrobiano (bactérias, vírus e fungos), antioxidante, anti-inflamatório e digestivo pelo estímulo à produção de enzimas endógenas (ex. amilase). Os OEs constituem-se em complexas misturas de substâncias voláteis, geralmente lipofílicas, cujos componentes incluem terpenos, álcoois simples, aldeídos, cetonas, fenóis e ésteres. Quando utilizados em rações, melhoram o desempenho animal, mas não apresentam efeito medicamentoso, quer seja pelo princípio ativo ou por sua dosificação. 

Os efeitos antimicrobianos dos óleos essenciais tais como o timol  e eugenol, ocorrem devido à danos diretos à membrana bacteriana, inibição enzimática do seu metabolismo energético e desnaturação de certas proteínas. O efeito digestivo verificado com o seu uso (ex. piperina) ocorre devido ao estímulo à produção de enzimas endógenas (ex. amilase).

 

  1. CONTROLE DE MICOTOXINAS

Para que haja melhorias no controle de micotoxinas, é necessário um melhor entendimento dos seus mecanismos de ação, dos seus efeitos nas aves, bem de técnicas de diagnóstico mais precisas e sensíveis. Adicionalmente, o uso de componentes que além de adsorvê-las, bloqueiem os seus efeitos e que sejam capazes de biotransformá-las (ex. enzimas) em compostos inócuos às aves. 

A presença de DON na ração a 5.000 ppb é um fator predisponente de EN em frangos de corte. Isso ocorre devido aos efeitos negativos diretos desta micotoxina sobre a barreira intestinal (aumento da permeabilidade, lesão das microvilosidades) e o consequente aumento da concentração de proteína total no duodeno, o que estimula o crescimento e a produção de toxinas pelo CP.

 

Dietas baseadas em grãos como o trigo, centeio, aveia e cevada podem aumentar a incidência e a gravidade de EN, pois estes cereais apresentam altos níveis de polissacarídeos não amiláceos (PNAs) que aumentam a viscosidade e a produção de muco intestinal. Assim, o uso de enzimas nutricionais (ex. xilanase), melhoram a digestibilidade destes ingredientes.

Além disso, ingredientes com altas concentrações de proteínas tais como o farelo de soja (que contém inibidores de protease e lectinas), farinhas de peixe, carne e farelo de ossos  podem conter altos níveis de contaminação por CP.

Para informações relativas as referências bibliográficas ou aprofundamento do assunto favor entrar em contato com os autores deste artigo.

Enterite necrótica em frangos de corte - Parte 2

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