Para ler mais conteúdo de aviNews Brasil 3Tri 2023
Enterite necrótica em frangos de corte – Parte 2
A continuação do primeiro artigo, nesta seção serão abordados o diagnóstico, controle e prevenção da EN nas aves.
O diagnóstico é realizado através da análise do histórico da mortalidade do lote, dos sinais clínicos e achados de necropsia associados com a histopatologia onde se verificam as lesões microscópicas características. Também pode ser realizada sorologia (ELISA) para detecção da toxina bem como isolamento do agente que é feito a partir do conteúdo intestinal (raspado da mucosa ou Placas de Peyer hemorrágicas). Por fim o PCR pode ser realizado a partir de amostras de conteúdo intestinal e/ou raspado da mucosa.
Nos casos de enterites verifica-se fusão das vilosidades intestinais (fotos 1) e hiperplasia das células caliciformes (foto 2), que são as células produtoras de mucina, principal componente do muco.
O processo inflamatório é caracterizado pela migração massiva de heterófilos para as regiões em que ocorre a necrose e intenso infiltrado de leucócitos na lâmina basal, concomitantemente com edema, hiperemia, congestão e hemorragia da lâmina própria, submucosa e serosa.
O controle da mortalidade durante surtos é realizado através da administração de antibióticos via água de bebida ou ração, dentre os principais antibióticos com ação contra G+ podemos citar as tetraciclinas, a tilosina e a amoxicilina.
AMDs
Os AMDs controlam a microbiota patogênica e diminuem a disputa por nutrientes, além de reduzirem a produção de metabólitos depressores do crescimento das aves, assim, melhoram os índices zootécnicos (ganho de peso, conversão alimentar e mortalidade).
Desde o banimento dos AMDs na União Europeia em 2006, o seu uso vem sendo reduzido gradativamente a nível mundial, esta iniciativa é apoiada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa a redução da resistência antimicrobiana (RAM). No Brasil, diversos antimicrobianos foram descontinuados na última década, sendo que apenas um número reduzido de AMDs estão permitidos pelo Ministério de Agricultura a Abastecimento (MAPA) para uso em rações. Os principais AMDs utilizados em frangos de corte bem como as suas respectivas doses estão listados abaixo:
Podem impedir indiretamente as perdas pelo CP uma vez que a presença de espécies de Eimeria spp. é um fator predisponente da EN. Atualmente, diversas opções de vacinas estão disponíveis mundialmente, com tecnologias inovadoras de desenvolvimento e aplicação que possibilitam segurança e eficiência no seu resultado.
São aditivos à base de bactérias, leveduras ou fungos que alteram a microbiota intestinal promovendo um balanço entre as diferentes populações bacterianas benéficas que inibem o desenvolvimento de bactérias patogênicas. Em consequência disto, aumentam a integridade intestinal, modulam a imunidade o que se traduz em melhoria da performance zootécnica e contribuem para uma maior inocuidade dos produtos avícolas.
Dentre os gêneros bacterianos mais utilizados como probióticos se destacam os Bacillus spp., Lactobacillus spp. e Enteroccoccus spp. Além disso, leveduras da espécie Saccharomyces cerevisae são utilizadas de maneira concentrada.
Sua utilização está voltada principalmente para formar a proteção sanitária da ave através da exclusão competitiva, do incremento da resposta imune celular e humoral bem como da redução da permeabilidade intestinal. Além disso, podem melhorar o desempenho zootécnico através da produção de bacteriocinas, ácidos orgânicos que atuam diretamente sobre CP reduzindo a sua população bem como de enzimas que aumentam a digestibilidade dos ingredientes da ração.
São aditivos compostos por óleos essenciais (OEs) e/ou extratos vegetais (EVs) que apresentam efeitos antimicrobiano (bactérias, vírus e fungos), antioxidante, anti-inflamatório e digestivo pelo estímulo à produção de enzimas endógenas (ex. amilase). Os OEs constituem-se em complexas misturas de substâncias voláteis, geralmente lipofílicas, cujos componentes incluem terpenos, álcoois simples, aldeídos, cetonas, fenóis e ésteres. Quando utilizados em rações, melhoram o desempenho animal, mas não apresentam efeito medicamentoso, quer seja pelo princípio ativo ou por sua dosificação.
Os efeitos antimicrobianos dos óleos essenciais tais como o timol e eugenol, ocorrem devido à danos diretos à membrana bacteriana, inibição enzimática do seu metabolismo energético e desnaturação de certas proteínas. O efeito digestivo verificado com o seu uso (ex. piperina) ocorre devido ao estímulo à produção de enzimas endógenas (ex. amilase).
Para que haja melhorias no controle de micotoxinas, é necessário um melhor entendimento dos seus mecanismos de ação, dos seus efeitos nas aves, bem de técnicas de diagnóstico mais precisas e sensíveis. Adicionalmente, o uso de componentes que além de adsorvê-las, bloqueiem os seus efeitos e que sejam capazes de biotransformá-las (ex. enzimas) em compostos inócuos às aves.
A presença de DON na ração a 5.000 ppb é um fator predisponente de EN em frangos de corte. Isso ocorre devido aos efeitos negativos diretos desta micotoxina sobre a barreira intestinal (aumento da permeabilidade, lesão das microvilosidades) e o consequente aumento da concentração de proteína total no duodeno, o que estimula o crescimento e a produção de toxinas pelo CP.
Dietas baseadas em grãos como o trigo, centeio, aveia e cevada podem aumentar a incidência e a gravidade de EN, pois estes cereais apresentam altos níveis de polissacarídeos não amiláceos (PNAs) que aumentam a viscosidade e a produção de muco intestinal. Assim, o uso de enzimas nutricionais (ex. xilanase), melhoram a digestibilidade destes ingredientes.
Além disso, ingredientes com altas concentrações de proteínas tais como o farelo de soja (que contém inibidores de protease e lectinas), farinhas de peixe, carne e farelo de ossos podem conter altos níveis de contaminação por CP.
Para informações relativas as referências bibliográficas ou aprofundamento do assunto favor entrar em contato com os autores deste artigo.