10 maio 2022

Manejo integrado da aerossaculite na cadeia produtiva de frangos de corte

A compreensão dos mecanismos de propagação de aerossaculite deve sempre ser mais difundida e ainda mais bem resolvida em todos os níveis da cadeia de produção.

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O Brasil quebrou recordes de exportação de frangos em 2021. Segundo a ABPA, neste janeiro de 2022, o setor registrou uma alta de 19,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Tamanha escala produtiva reforça a importância de abordar ações integradas da cadeia de produção avícola para promover maior segurança alimentar, saúde animal e melhorar os resultados operacionais e econômicos.

Recentes apontamentos epidemiológicos no monitoramento de doenças respiratórias em frangos de corte têm demonstrado a importância da permanente vigilância epidemiológica nos sistemas produtivos, considerando como de extrema relevância uma abordagem sistêmica.

A compreensão dos mecanismos de propagação de aerossaculite deve sempre ser mais difundida e ainda mais bem resolvida em todos os níveis da cadeia de produção; considerando:

As matrizes;

Os incubatórios;

As granjas;

Os frigoríficos, no manejo pré-abate, transporte e espera nos veículos.

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manejo integrado aerossaculite

Com a evolução continuada dos parâmetros aplicáveis aos fatores de produção, é estratégico investir no controle dos impactos de doenças respiratórias em aves ao longo da cadeia de produção; que se direcione um olhar refinado e crítico para as perdas zootécnicas e operacionais durante o manejo pré-abate, e que também, sob a ótica econômica, se pondere as condenações sanitárias durante o abate.

O QUADRO 1 demonstra diferentes impactos do efeito da condenação sanitária entre lotes com variadas incidências de aerossaculite.

As operações nos frigoríficos, em virtude de uma já compreendida perda de produtividade pela redução da velocidade de abate, oneram os custos operacionais, gerando perdas irreparáveis, anualmente, em todas as empresas do setor avícola.

manejo integrado aerossaculite

manejo integrado aerossaculiteTer em conta que a aerossaculite é a conseqüência de afecções respiratórias que precisam ser consideradas ainda nas granjas de reprodução, impactando:

Nos fatores produtivos e reprodutivos associados;

Na utilização de antibióticos;

Na qualidade do ovo incubável.

manejo integrado aerossaculiteNo incubatório, a prevalência de patógenos oportunistas no sistema respiratório das aves impacta na eclosão e na biosseguridade deste ambiente, potencializando a difusão destas afecções respiratórias por toda a integração, através do incubatório, por contaminação cruzada.

As condenações sanitárias por aerossaculite, de critério total ou parcial, consideram que como as aves são afetadas amplamente nos lotes, com diferentes graus desenvolvimento da lesão, durante a inspeção no frigorífico há uma consequente irregularidade de processamento devido à necessidade de reduzir a velocidade de abate durante a inspeção destes lotes, o que onera o custo operacional e o custo do produto.

O QUADRO 2 demonstrou o efeito do monitoramento da velocidade de abate em lotes de frangos afetados por aerossaculite no custo de processamento do produto, em um abatedouro de grande porte, com abate com capacidade de aproximadamente 350.000 aves /dia.

Para minimizar este impacto, é proposto o manejo integrado da sanidade respiratória das aves na cadeia produtiva, promovendo o enlace da avaliação do desempenho zootécnico e aos fatores de produção, relacionando também ao desempenho sanitário pelas condenações na linha de inspeção e pelo desempenho operacional nos custos de processamento no frigorífico.

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A LESÃO NOS SACOS AÉREOS

Nas aves a respiração se processa mediante um contínuo movimento de ar, sem uma pausa, como nos mamíferos. Se a ave estiver debilitada, agentes infecciosos que penetrarem neste sistema podem provocar doenças.

A aerossaculite é uma afecção do sistema respiratório caracterizada pelo espessamento dos sacos aéreos e possível acometimento desses por exsudato caseoso com deposição de material fibrinoso amarelado.

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Figura 1. Imagem ilustrando achados de campo em necrópsias realizadas nas granjas

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Figura 2. Lesão característica de aerossaculite, com espessamento dos sacos aéreos e exsudato caseoso. (Silva, 2011)

ANATOMIA E FISIOLOGIA

As aves possuem pulmões relativamente pequenos, rígidos e profundamente entrincheirados nas costelas (sem área para movimentação). São circundados por estruturas saculares e membranosas de paredes muito finas com pouca vascularização, os sacos aéreos. Seu volume distribui-se igualmente entre os grupos cranial e caudal. O volume de gás nos sacos aéreos é 10 vezes maior que nos pulmões.

manejo integrado aerossaculiteToda essa eficiência se transforma em desvantagem se essas aves estão:

Em alta densidade (ave/m2);

Em ambiente com pouca ventilação;

Alto teor de amônia e cama úmida.

Pois os contaminantes e agentes infecciosos externos acedem facilmente ao interior da ave. As aves devem ser mantidas em ambientes de termoneutralidade, para evitar o desperdício de energia na manutenção da temperatura corporal.

A amônia é um dos principais fatores que podem desencadear ou agravar um quadro respiratório em aves, quando entre 25 e 50 ppm, resulta numa redução no GPD, aumento no tamanho dos pulmões e maior ocorrência da aerossaculite em aves desafiadas por Bronquite Infecciosa.

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A temperatura e a umidade do ambiente, a ventilação, a amônia e a poeira fazem interações importantes com agentes infecciosos produzindo quadros clínicos respiratórios.

A incidência de doenças respiratórias é afetada significativamente por fatores ambientais e a severidade dessas enfermidades é exacerbada nos meses de inverno. Frangos de corte desafiados por M. synoviae e Bronquite Infecciosa tiveram lesões mais severas de aerossaculite quando alojadas em temperaturas de 7 a 10°C que em 24 a 29°C ou 31 a 32°C.

A uniformidade de peso final em aves de lotes afetados por aerossaculite é impactada, acarretando carcaças com dimensões muito variadas, interferindo no desempenho dos equipamentos de evisceração e no rendimento de desossa, obtendo produtos de padrão de qualidade inferior, remunerando abaixo do valor do produto ao preço de mercado, devido principalmente ao maior índice de refugos e de cortes irregulares.

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Figura 3. Importância da uniformidade de lotes de frangos baseados na média de peso dos lotes

As trocas de ar inadequadas aumentam as concentrações de partículas de:

Monóxido de carbono (CO);

Dióxido de carbono (CO₂);

Amônia (NH3) no interior das instalações, diminuindo a concentração de oxigênio (O2).

Como o CO₂ é mais denso que o ar e é oriundo principalmente da respiração dos animais e de aquecedores, sua tendência é permanecer no nível das aves, dificultando a atividade respiratória.

Níveis de CO₂ superiores a 1,2% causaram efeitos negativos em pintos e frangos, como ofegação, anoxia, redução do consumo de ração e redução do crescimento. A recomendação é que para instalações avícolas o limite de CO₂ seja no máximo 3.000 ppm para exposição contínua dos animais.

NO FRIGORÍFICO

manejo integrado aerossaculiteRussel, 2003 demonstrou o efeito de lotes afetados por aerossaculite no frigorífico, pela apontaram perda de 84 g/carcaça, acarretando ainda maior contaminação fecal e maior prevalência de E. coli decorrente de maior ruptura de alças intestinais de aves mais desidratadas.

Dentre as perdas mais evidentes associadas à aerossaculite, são:

As perdas zootécnicas nas granjas;

Mortalidade durante o transporte;

As perdas de peso no momento que antecede ao abate, pela maior suscetibilidade ao estresse térmico.

Conforme demonstrado no QUADRO 3.

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Todas as vísceras são condenadas em carcaças afetadas por aerossaculite, e seu impacto econômico e comercial, depende do mercado, representa 4% do peso vivo, equivalente U$ 0,47 por ave.

Apresentar estes memoriais de cálculo e perdas contribuem para validar investimentos para promover a sanidade, mesmo que em outros setores da cadeia produtiva.

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Figura 4. Miúdos de frangos condenados durante a inspeção sanitária em lotes com aerossaculite

A incidência de aerossaculite está correlacionada à presença de agentes infecciosos como Mycoplasma synoviae, vírus da Bronquite Infecciosa, Aspergillus e E.coli.

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Fatores externos como:

Temperaturas adversas (altas ou baixas);

Gases em excesso (CO, CO2 e NH3);

Alta umidade da cama, predispõem as aves a essas infecções.

CONCLUSÃO

Proporcionar segurança e investimento à sanidade e à ambiência para as aves garante importante fortaleza para o sistema de criação, que deve propiciar todas as condições favoráveis para que as aves expressem todo o seu potencial genético e alcancem índices zootécnicos de excelência. Ainda é melhor do que ter de gerenciar as consequências da aerossaculite na produção, no processamento e no produto final.

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