10 jun 2018

Cobb: por que o ambiente controlado não é habitual na América do Sul?

A América do Sul é uma região muito heterogênea, cultural e climaticamente. Se nos referirmos somente ao Brasil, vamos ver que há aviculturas muito diferentes em distintos estados, cada uma com seus conceitos e realidades. Porém, uma coisa há e, comum em todas as situações: todos os ambientes são desafiantes tanto no sentido mercadológico, como técnico.

Available in other languages:

Para suportar melhor os desafios, novas tecnologias vêm surgindo em vários setores e na criação de frangos de corte isso não é diferente. Administrar melhor parâmetros como temperatura, umidade, qualidade e velocidade do ar, iluminação etc. é de extrema utilidade para extrair o máximo potencial genético da ave disponível. Hoje, com os aviários de ambiente controlado isso é perfeitamente possível, tendo em vista sua alta capacidade de captação, armazenamento e controle das grandezas envolvidas no controle ambiental.

Com essas grandes vantagens pode-se pensar que é decisão fácil instalar um aviário com maior concentração tecnológica, porém, na prática não é isso o que se observa. A avicultura sul-americana, em sua grande maioria, inda é constituída de aviários com baixo, ou nenhum controle ambiental e essa realidade trazida para o Brasil não é muito diferente.

Os motivos para que isso ocorra são vários e, nesse artigo, quero citar alguns deles e tentar ajudar os produtores e empresas sobre quais devem ser os pontos a serem considerados na hora de instalar um novo projeto.

Desconfiança: Sim! Ainda há profissionais / empresários que não acreditam que o aviário de ambiente controlado é uma opção viável para sua região. E as justificativas são as mais variadas: clima, relação custo-benefício, riscos de ocorrências etc.

É importante deixar claro que todos os ambientes do mundo abrigam galpões de pressão negativa e, em todas as partes, são obtidos melhores resultados com boas ventagens de custo.

Nem sempre é um cálculo fácil de se fazer, porém, se não estão sendo observadas vantagens com a instalação do aviário de ambiente controlado, é possível que nem todas as variáveis do processo estejam sendo observadas, ou que estejamos subestimando a real capacidade da estrutura (abordaremos isso mais adiante).

Custo: É claro que um projeto estrutural e tecnologicamente mais robusto é mais caro. E na grande maioria das vezes esse dinheiro será disponibilizado pelo próprio produtor, que deve ter uma relação saudável com a empresa integradora para que se sinta seguro para investir um montante maior de capital, em uma estrutura que será paga a médio / longo prazo.

Continue após a publicidade.

Mais que um maior volume de capital investido, esse montante vem de financiamentos, onde garantias serão exigidas com concomitantes riscos inerentes a uma operação desse porte. Em resumo, a decisão deve ser muito consciente, considerando que "há muito a perder" por ambas as partes (empresa / produtor) se algo der errado.

Equipamentos disponíveis: Quando comparamos aviários de ambiente controlado na maioria das regiões da América do Sul, com outros similares na América do Norte e Europa, percebemos uma grande distância entre modelos disponíveis e seus custos. Além disso, especialmente no Brasil, devido à alta tributação e burocracia , é muito complicado para as empresas investidoras e fornecedoras de tecnologia trazer o que há de mais moderno no controle ambiental. Somado a isso, estamos num mercado relativamente desinformado sobre essa realidade e que não demanda novidades aos fornecedores de equipamentos.

Portanto, nesse ponto, quase sempre estamos um ou dois passos atrás, gerando perdas em competitividade e adaptabilidade no projeto. Se temos menor oferta de equipamentos, perdemos em um ou outro ponto que poderia ajudar no projeto do aviário ideal.

Erros de projeto: Esse problema é relativamente comum e talvez um dos mais graves. Quando se tem um projeto desproporcional aos desafios da região e às demandas da ave moderna, os resultados não serão satisfatórios. Inclusive, não é raro ver aviários com altos níveis de investimento, com piores resultados que aviários convencionais. E é importante deixar muito claro que isso não é mérito para os aviários mais simples, mas um demérito para aviários com maior nível de investimento.

As razões para esses erros são, na grande maioria das vezes, pela tentativa de economizar no projeto retirando componentes, estruturas ou equipamentos que fariam a diferença para o bom andamento dos lotes. O grande problema não está no erro, mas sim no desconhecimento do erro.

No caso de um projeto que não é o ideal, mas se pensa que é o máximo, e isso não gera os números esperados, pode-se entender que a tecnologia não traz benefícios, gerando a "incredulidade" já mencionada.

Erros na condução: Esse ponto geralmente caminha junto com o anterior. E quando isso ocorre, as consequências são ainda mais complicadas. Porém, é possível observar bons projetos que não obtém resultados satisfatórios. Isso se dá por desconhecimento da maneira correta de conduzir o lote e interpretar os dados gerados por ele.

O desconhecimento sobre a correta condução dos conceitos de ventilação (mínima, transição e túnel), assim como das temperaturas ideais e limites de umidade relativa, são os erros mais comuns encontrados e, fatalmente, se chocam com as expectativas de obter os melhores resultados com granjas de ambiente controlado.

É importante ter claro que esses pontos não são encontrados de maneira isolada. Na grande maioria das empresas onde não se investe em granjas de pressão negativa, ao menos três ou quatro pontos dos citados acima são encontrados. Deve-se considerar que um ou dois são inerentes à atividade e, sim, sempre serão obstáculos que devem ser enfrentados com estudo e foco na correta tomada de decisão, desde o início do projeto à condução do manejo no galpão.

Relacionado com Equipamentos

MAIS CONTEÚDOS DE

Cobb: por que o ambiente controlado não é habitual na América do Sul? Dados da empresa

REVISTA AVINEWS BRASIL
ISSN 2965-341X

Assine agora a melhor revista técnica sobre avicultura

EDIÇÃO aviNews Brasil 4TRI 2024
Imagen Revista Nivalenol, uma micotoxina emergente que aumenta a complexidade do controle do desoxinivalenol (DON)

Nivalenol, uma micotoxina emergente que aumenta a complexidade do controle do desoxinivalenol (DON)

Augusto Heck
Imagen Revista Estratégias nutricionais para fertilidade de machos reprodutores

Estratégias nutricionais para fertilidade de machos reprodutores

Brunna Garcia
Imagen Revista Saúde intestinal – parasitoses internas e seu desafio na produção em sistemas alternativos 

Saúde intestinal – parasitoses internas e seu desafio na produção em sistemas alternativos 

Equipe Técnica H&N
Imagen Revista Manter o atual status sanitário, equilíbrio nos custos de produção e sustentabilidade serão decisivos para a avicultura brasileira em 2025

Manter o atual status sanitário, equilíbrio nos custos de produção e sustentabilidade serão decisivos para a avicultura brasileira em 2025

Paulo Teixeira
Imagen Revista Vacinação contra Salmonella em aves de postura comercial e a relação com índices zootécnicos

Vacinação contra Salmonella em aves de postura comercial e a relação com índices zootécnicos

Daniela Duarte de Oliveira
Imagen Revista A influência da dieta maternal sobre o desempenho de frangos de corte

A influência da dieta maternal sobre o desempenho de frangos de corte

Vinicius Santos Moura
Imagen Revista Ácidos orgânicos no período de jejum pré-abate de frangos. Uma estratégia de suporte para diminuir as contaminações por enteropatógenos

Ácidos orgânicos no período de jejum pré-abate de frangos. Uma estratégia de suporte para diminuir as contaminações por enteropatógenos

Fabrizio Matté Luiz Eduardo Takano Patrick Iury Roieski
Imagen Revista Estratégia nutricional para melhor qualidade de casca de ovos: uso de minerais orgânicos

Estratégia nutricional para melhor qualidade de casca de ovos: uso de minerais orgânicos

Equipe Técnica Biochem
Imagen Revista Importância dos pesos iniciais para o desempenho dos frangos de corte

Importância dos pesos iniciais para o desempenho dos frangos de corte

José Luis Januário Lucas Volnei Schneider
Imagen Revista Recomendações técnicas para sanitizar ovos incubáveis de galinha

Recomendações técnicas para sanitizar ovos incubáveis de galinha

Dr. Vinícius Machado dos Santos Gabriel da Silva Oliveira
Imagen Revista Qual o melhor plano nutricional para codornas europeias?

Qual o melhor plano nutricional para codornas europeias?

Adiel Vieira de Lima Aline Beatriz Rodrigues Dr. Fernando Perazzo Matheus Ramalho de Lima Paloma Eduarda Lopes de Souza
Imagen Revista Perspectivas de recordes para a avicultura brasileira

Perspectivas de recordes para a avicultura brasileira

Ricardo Santin
Imagen Revista Artrite e suas causas multifatoriais em frangos de corte – Parte 2

Artrite e suas causas multifatoriais em frangos de corte – Parte 2

Cláudia Balzan Eduarda da Silva
Imagen Revista Cobre e suas funções em dieta das galinhas poedeiras: vantagens da forma quelatada

Cobre e suas funções em dieta das galinhas poedeiras: vantagens da forma quelatada

Tatiana Carlesso dos Santos Vinício dos Santos Cardoso
Imagen Revista Machos reprodutores: como obter bons indicadores de fertilidade na fase de produção

Machos reprodutores: como obter bons indicadores de fertilidade na fase de produção

Cidimar Trevisan Eduardo Kohl Marcel Pacheco
Imagen Revista Modelagem matemática com a equação de Gompertz e suas aplicações no crescimento de frangos de corte

Modelagem matemática com a equação de Gompertz e suas aplicações no crescimento de frangos de corte

Juan Gabriel Espino

JUNTE-SE À NOSSA COMUNIDADE AVÍCOLA

Acesso a artigos em PDF
Mantenha-se atualizado com nossas newsletters
Receba a revista gratuitamente em versão digital

DESCUBRA
AgriFM - Os podcasts do setor agrícola em português
agriCalendar - O calendário de eventos do mundo agrícolaagriCalendar
agrinewsCampus - Cursos de formação para o setor agrícola e da pecuária