Nessa entrevista, que contou com a colaboração de inúmeros seguidores da aviNews Brasil, o Dr. Alberto faz um relato riquíssimo sobre como o setor tem se mobilizado e as descobertas que já ocorreram. Confira!
Durante o último Simpósio Técnico da ACAV (Associação Catarinense de Avicultura), um participante informou a ocorrência de alta mortalidade, iniciando próximo aos 14 dias, e que na necropsia verificava-se 100% das aves com quadro de aerosaculite grau 2 para 3, além de grande presença de E. coli. O senhor está por dentro dessa situação? |
Dr. Alberto Back – No Paraná, junho, julho e agosto (2021) foram meses nos quais tivemos um quadro de condenações por Aerossaculite, e também de mortalidade por Colibacilose, muito além daquilo que normalmente se obtinha. A grande discussão é: o que está por trás disso, como vamos resolver?
Figura 1: Carcaça de frango de corte acometida por aerossaculite. Fonte: Acervo fotográfico CEPETEC.
As investigações continuam, mas é um problema que comprometeu bastante a indústria, limitou abates, houve perdas significativas e também mortalidade. Nós vínhamos de um padrão de mortalidade, principalmente aqui no Paraná, em torno de 5%, até abaixo disso. Mas, principalmente no meio do ano, subiu chegando a 8%, 9%, em algumas empresas até 10%. Isso nunca foi visto, mas nesse período foi um pouco generalizado.
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E por que isso estaria ocorrendo? |
Dr. Alberto – Essa é a pergunta de um milhão de dólares! Algumas respostas nós temos, outras ainda não. Aparentemente, o quadro estava distinto:
No primeiro momento parecia que eram coisas distintas, em outros parecia haver uma interligação. Até hoje a gente não sabe exatamente como eles estão interligados, mas estão, mais ou menos, simultâneos.
Uma das suspeitas, e que aparentemente produziu algum resultado, foi o fato de que, para o controle de salmonela, estamos desidratando a cama, adicionando bastante cal. Isso contribui para a redução da sobrevivência da salmonela na cama, mas também propicia maior presença de pó, coincidindo com o período de estiagem. Inclusive, foram feitas algumas avaliações histopatológicas e foi encontrada grande quantidade de penugens nos sacos aéreos.
Passamos, então, a investigar a imunossupressão, principalmente relacionada a Gumboro; alguns casos de Bronquite Infecciosa, com evidências de algumas variantes circulando. Agora, é entender se essas variantes podem estar por trás disso, ou não. Já temos alguns resultados interessantes, inclusive com a participação da EMBRAPA (Concórdia – SC).
Quando se percebe a infecção? |
E a dúvida que existe é exatamente essa: quanto é consequência, ainda, do início? Ou são duas coisas separadas? A gente não tem clareza a esse respeito, mas é possível que sejam ligados e predisponentes, um pouco distintos. Vamos continuar observando e, como tudo na avicultura, eu acho que em pouco tempo vamos resolver.
Esses quadros de Aerossaculite têm aparecido com outras doenças associadas? |
Dr. Alberto – Várias empresas partilharam suas observações e não se conseguiu estabelecer uma relação. Por exemplo, com Pneumovirus, ou vírus de Newcastle, Bronquite Infecciosa com Mycoplasma Gallisepcticum. Em alguma empresa havia uma correlação e em outra não. Então, não se conseguiu relacionar com uma doença específica de comportamento convencional.
Os antibiogramas dos isolados possuem perfis parecidos em diferentes lotes? |
Pensando em haver um problema ambiental, porque vê-se apenas sinais clínicos em frangos e não em matrizes? Não se estaria deixando de lado algum problema de imunossupressão? |
Dr. Alberto – Nós nos perguntamos muito a esse respeito. Em que ponto estamos interferindo na saúde das aves e não estamos nos dando conta?
Há ainda o sistema que estamos adotando agora, com essa quantidade de cal, o número de reusos de cama e, talvez, alguns intervalos um pouco curtos. Na matriz, basicamente, a gente não tem esses problemas. A pergunta é pertinente, mas não podemos esquecer que tem doenças subclinicas que têm manifestações às quais, talvez, não estejamos prestando atenção, como essa Bronquite que eu comentei.
Nesses casos de Aerossaculite, a resistência antimicrobiana justificaria essa ineficiência dos tratamentos? |
Dr. Alberto – Eu não tenho dúvida. Certamente os antibióticos têm seu papel, sua contribuição. Nós reconhecemos que, no passado, quando não tínhamos o entendimento, houve condições que nos levaram a utilizar mais antibiótico. Talvez, hoje, ainda estejamos pagando um preço por conta disso, mas o caminho é a menor utilização.
Se nós criarmos:
A indústria já reduziu muito a utilização de antibióticos. Temos que entender a nossa realidade de duas formas:
Qual seria sua mensagem final aos atores da avicultura de corte? |
Dr. Alberto – Os desafios continuam, mas são eles que nos movem, apesar de, às vezes, a solução demorar um pouco. Esse problema respiratório têm um impacto econômico muito grande, mas ainda assim temos uma das melhores aviculturas do mundo.
Nós somos referência para o mundo em qualidade e isso, graças ao esforço de todos que estão no campo, nos laboratórios e também na divulgação do trabalho deste setor. Todos juntos fazem essa avicultura que nos orgulha muito. |
ATUALIZAÇÃO DO CASO – FEVEREIRO/2022
O problema ainda não está resolvido, mas felizmente avançamos no entendimento da causa. Esse vírus de Bronquite que citamos foi isolado em vários laboratórios e se trata de um vírus variante. Em parceria com a Embrapa estamos na fase de caracterização do vírus.
Infelizmente, esses estudos exigem alguns meses para isolamento do vírus, estudo da patogenicidade e, depois, o estudo de imunogenicidade, para saber se as vacinas existentes no Brasil controlam essa variante, ou se necessitaremos trazer, ou desenvolver alguma outra vacina.
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