26 jul 2022

Aves brasileiras não causam infecções por Salmonella no Reino Unido

A Salmonella das aves brasileiras importadas não causa muitas doenças nos consumidores britânicos, de acordo com um estudo. Dados de […]

A Salmonella das aves brasileiras importadas não causa muitas doenças nos consumidores britânicos, de acordo com um estudo.

Dados de vigilância de longo prazo coletados no Reino Unido não mostraram aumento em dois tipos de Salmonella após o aumento desses sorovares em aves brasileiras. Cientistas do Quadram Institute, University of East Anglia, UK Health Security Agency (UKHSA), Animal and Plant Health Agency (APHA) no Reino Unido e da Universidade de São Paulo rastrearam como as mudanças na criação de frangos no Brasil impactaram o perfil da Salmonella que circula dentro da indústria avícola.

O Brasil produz quase 14 milhões de toneladas de carne de frango por ano e é o maior exportador. Estudos anteriores mostraram a presença de Salmonella em carnes importadas para o Reino Unido e a UE. Os cientistas queriam saber se as cepas de Salmonella no Brasil estavam causando intoxicação alimentar nos países que importam os produtos.

Foco em dois tipos de Salmonella

Pesquisadores compararam 183 genomas de Salmonella coletados de galinhas no Brasil de 2012 a 2018 e 357 genomas de humanos, aves domésticas, e aves brasileiras importadas no Reino Unido. Eles também analisaram mais de 1.200 genomas dos dois principais tipos de Salmonella encontrados no Brasil. As descobertas foram publicadas na revista PLOS Genetics.

Um levantamento da avicultura brasileira encontrou dezenas de diferentes tipos de Salmonella, sendo Heidelberg e Minnesota, os mais dominantes. Das 318 amostras de carne enviadas para o Reino Unido, 91% eram de Heidelberg ou Minnesota, sendo a maioria a primeira. A equipe analisou os tipos de Salmonella por trás de infecções de amostras que remontam a 15 anos. Cerca de um em 200 foram atribuídos a Heidelberg ou Minnesota, e alguns podem estar ligados a viagens recentes ao exterior.

Não havia dados oficiais sobre infecções por Salmonella no Brasil para avaliar a escala do impacto desses sorovares na saúde pública brasileira.

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Ao comparar os genomas brasileiros de Heidelberg e Minnesota com outros coletados em todo o mundo, ficou claro que eles formavam um subgrupo distinto, separado dos casos humanos. Trabalho com a Agência de Saúde Animal e Vegetal mostrou que a Salmonella associada ao Brasil não foi encontrada em frangos do Reino Unido.

Papel da vacina e do uso de antibióticos

As técnicas agrícolas intensivas utilizadas no Brasil para produzir grandes quantidades de frango envolvem o uso de antimicrobianos. Salmonella Heidelberg e Minnesota tinham uma combinação de genes que conferiam resistência a diferentes classes de antimicrobianos: sulfonamidas, tetraciclinas e beta-lactâmicos. Isto provavelmente lhes conferiu uma vantagem competitiva no ambiente de produção avícola no Brasil.

A equipe descobriu que os dois principais tipos de Salmonella se desenvolveram no Brasil por volta de 2006, alguns anos depois que o país introduziu uma vacina de Salmonella Enteritidis para aves. Apesar do aumento, essas bactérias resistentes a antibióticos causaram muito poucos casos de Salmonella no Reino Unido e não se espalharam para galinhas domésticas.

Alison Mather, do Instituto Quadram, disse que examinou como as mudanças na criação de frangos no Brasil afetaram o perfil da Salmonella no setor avícola.

"Embora isto não represente risco imediato à saúde de países importadores como o Reino Unido, as bactérias eram resistentes a medicamentos antimicrobianos, e isto destaca a importância de adotar uma abordagem de "Saúde Única" que veja as conexões entre a saúde das pessoas, dos animais e do meio ambiente, especialmente ao avaliar as cadeias globais de fornecimento de alimentos", disse Mather.

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