20 jan 2022

La Niña é associada a extremos de chuva e escassez hídrica no Brasil

De acordo com pesquisadores do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), os extremos de chuva que […]

De acordo com pesquisadores do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), os extremos de chuva que aconteceram no sul da Bahia - e que ocorrem agora no norte de Minas Gerais, Piauí, Tocantins e Maranhão –, além da atual seca na região Sul do país, estão associados ao La Niña. O fenômeno climático que ocorre, em média, em um intervalo de dois a sete anos, provoca uma série de alterações nos padrões de chuva e temperatura globais.

No Brasil, o La Niña causa chuvas mais abundantes no Norte e Nordeste, provocando aumento de temperaturas e seca no Centro-Sul.

La niña

O número de eventos extremosdechuvano início da atual estação de verão no Brasil foi recorde, segundo levantamento do Cemaden, situado em São José dos Campos (SP).

Segundo informações publicadas no site da Fapesp, entre 1º e 31 de dezembro de 2021, a equipe técnica do Cemaden emitiu 516 alertas de risco de desastres de origem geo-hidrológica, como deslizamentos de terra, inundações e enxurradas, para os 1.058 municípios monitorados atualmente pela instituição em todo o país. Desse total, 163 concretizaram-se em ocorrências.

Em 2020, no mesmo período, o número de alertas foi ligeiramente maior – de 539 –, mas as ocorrências foram quase 60% menores (103) em comparação com 2021.

Aquecimento Global

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Segundo Marcelo Seluchi, coordenador-geral do Cemaden, não é possível estabelecer uma relação direta entre eventos climáticos extremos isolados com as mudanças do clima. Mas, em conjunto, esses extremos climáticos sugerem a influência do aquecimento global.

“Para cada evento climático extremo recente, como as chuvas no sul da Bahia ou a onda de calor extremo no Sul do Brasil, conseguimos dar uma explicação meteorológica", avalia Seluchi. "Mas quando juntamos essas situações com as de anos anteriores podemos dizer que, de alguma forma, estamos sendo afetados pelas mudanças climáticas”, completa.

As conclusões da contribuição do Grupo de Trabalho 1 (WG1) para o sexto relatório de avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em agosto de 2021, apontam que a intensidade e a duração de eventos climáticos extremos aumentarão mesmo se o aquecimento global se estabilizar em 1,5 ºC. Nesse cenário, haverá incremento das ondas de calor, estações quentes mais longas e temporadas de frio mais curtas.

Já com o aquecimento global de 2 ºC, os extremos de calor atingiriam mais frequentemente os limiares de tolerância crítica para a agricultura e a saúde, projetam os autores. "Com a limitação do aquecimento entre 1,5 ºC e 2 ºC, os impactos dos eventos climáticos extremos seriam menores, porque permitiria a adaptação”, ponderam os autores.

Cada meio grau adicional de aquecimento global causará aumentos estatisticamente significativos nos extremos de temperatura, na intensidade de fortes chuvas e na gravidade de secas em algumas regiões. Em escala global, os eventos de chuva forte se intensificarão em cerca de 7% para cada grau adicional de aquecimento, uma vez que uma atmosfera mais quente é capaz de reter mais umidade, estimam os cientistas.

“Estudos já mostram que os extremos de chuva estão aumentando nos últimos 40 ou 50 anos, particularmente no sudeste da América do Sul, e as projeções de mudanças climáticas para as próximas décadas apontam na mesma direção”, diz Marengo, que editou e revisou o capítulo 3 do relatório.

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