12 jul 2021

Vacinas autógenas: uma ferramenta disponível para uso nas granjas

Doenças do sistema respiratório são bastante comuns na avicultura por conta da facilidade de propagação dos agentes etiológicos pelo plantel. […]

Doenças do sistema respiratório são bastante comuns na avicultura por conta da facilidade de propagação dos agentes etiológicos pelo plantel. No inverno, no entanto, o cenário é ainda mais preocupante. Isso porque as aves ficam expostas a uma grande amplitude térmica — noites e madrugadas frias, com dias quentes — e podem ter sua imunidade comprometida.

Na prática, as barreiras das mucosas respiratórias das aves podem ficar mais vulneráveis, permitindo a entrada e alojamento de vários agentes bacterianos. O destaque vai para a família das bactérias Pasteurellaceae, com 3 espécies que, nos últimos anos, têm desafiado as aves em vários países e regiões do Brasil: Avibacterium paragallinarum, Pasteurella multocida e Gallibacterium anatis.

Como os problemas respiratórios são geralmente síndromes, com mais de um agente etiológico envolvido, um processo infectocontagioso crônico é instalado nos lotes de aves da granja. Isso resulta em prejuízos econômicos bastante significativos.

Uma das alternativas para combater esses agentes que se proliferam com rapidez são os programas de imunização para o controle das enfermidades respiratórias — aliados às medidas de biosseguridade. Aqui, ganham destaque as vacinas autógenas, que são ferramentas importantes neste processo. Neste artigo, o Gerente de Negócios da Biocamp, Nelson Haga, explica o que são, o que as diferenciam das vacinas comerciais, com quem contar para sua produção e como usá-las.

Vacinas

O que são as vacinas autógenas?

As vacinas autógenas — também conhecidas como autólogas ou autovacinas — são produtos customizados. Isso significa que elas são produzidas para atender as necessidades específicas de prevenção às doenças na propriedade (Taylor made), preparadas com o próprio agente que está infectando as aves das granjas.

Esse agente bacteriano ou viral é isolado, identificado, replicado e inativado por produtos e técnicas apropriadas para depois ser aplicado no próprio animal ou lote.

Continue após a publicidade.

Portanto, a vacina age como medida terapêutica dos animais afetados. Ela promove imunidade e proteção do lote para futuros contatos com o mesmo agente.

Quando usar as vacinas autógenas?

Nelson Haga explica que as vacinas autógenas são indicadas quando as vacinas comerciais de linha não conferem proteção apropriada às aves. Ou seja, quando a doença já está presente no plantel.

As vacinas autógenas entram para controlar o surto da doença e promover imunidade dos lotes que são alojados na mesma propriedade. É uma medida sobretudo econômica, porque reduz o uso de medicamentos sem eficácia satisfatória e diminui perdas de produção e mortalidade de animais.

Diferenças entre vacinas de linha e vacinas autógenas

Tanto as vacinas autógenas quanto as vacinas comerciais de linha são produzidas com a mesma finalidade. A maior diferença está nos agentes utilizados como antígenos.

Enquanto as vacinas comerciais usam cepas padrão, para a prevenção em grandes regiões, as vacinas autógenas usam cepas autólogas — ou seja, o mesmo agente que está causando a doença infectocontagiosa na propriedade.

“Para vacinas bacterianas, em que a variabilidade de sorotipos é muito grande, o uso da cepa correta é muito importante para o controle e prevenção da doença”, explica Nelson. Por isso, elas são complementares.

Quem pode produzir vacinas autógenas?

A produção das vacinas autógenas é regulada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Ou seja, é preciso uma autorização do MAPA para o desenvolvimento da vacina, bem como seguir as etapas para fabricação descritas na Instrução Normativa 31, de 2003. São 5 etapas que não podem ser desconsideradas, tampouco suprimidas.

As 5 etapas para fabricação de uma vacina autógena

1) Coleta de amostra e diagnóstico laboratorial

A colheita do material na propriedade tem que ser feita por um médico veterinário, que envia a amostra para um laboratório de patologia animal para isolar e diagnosticar os agentes etiológicos.

Na sequência, os agentes isolados são enviados para o laboratório habilitado a fabricar vacinas autógenas, que deve emitir um termo de recepção da amostra e do laudo de diagnóstico.

2) Produção

Antes de iniciar a produção da vacina autógena, o fabricante deve comunicar o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e enviar uma série de documentos: laudo do laboratório que identificou o antígeno (semente), informações sobre a propriedade-alvo e as propriedades adjacentes que poderão usar a vacina, dados sobre espécies e números de aves a serem vacinadas, etc.

3) Controle de qualidade

Todos os insumos, sementes, processos e produtos devem ser analisados. As vacinas devem ser testadas para as provas de pureza, esterilidade, inativação e inocuidade.

4) Validade e conservação

A validade da vacina autógena é de no máximo 6 meses e deve ser conservada de 2 a 8ºC. A validade da semente-mãe é de 15 meses. Caso extrapole os 15 meses (limite preconizados pelo Ministério), é preciso fazer novamente o isolamento do agente da granja.

5) Comercialização da vacina

Os produtos que atenderem ao controle de qualidade podem ser comercializados. O rótulo deve conter a informação de que é uma vacina autógena, o nome comercial da vacina e a localização da propriedade (alvo e adjacentes) a que se destina.

Por causa dessas etapas exigidas pelo MAPA, o desenvolvimento de uma vacina não pode ser feito em poucos dias — leva cerca de dois meses até que as provas de eficácia, inocuidade e esterilidade estejam concluídas para a comercialização.

Vacinas

Como avaliar uma vacina autógena

Como a vacina é autógena e customizada de acordo com as necessidades da granja, é possível associar dois ou mais agentes etiológicos em um mesmo produto. O importante é contar com uma empresa que tenha expertise na produção e que atenda a todas as etapas regulatórias exigidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Esse é o caso da AUTO-VAC® (AutoVac® Pasteurella), vacina autógena inativada oleosa contra pasteurelose, desenvolvida pela Biocamp e com utilização autorizada pelo MAPA. Ela é indicada para a profilaxia de infecções causadas por Pasteurella multocida isolada em aves de determinada propriedade.

Para combater e prevenir as doenças respiratórias aviárias em sua granja, verifique qual é o melhor programa de vacinação e a necessidade de incluir as vacinas autógenas. Fale com um dos consultores da Biocamp!


Relacionado com Patologia e Saúde Animal

MAIS CONTEÚDOS DE

Vacinas autógenas: uma ferramenta disponível para uso nas granjas Dados da empresa

REVISTA AVINEWS BRASIL
ISSN 2965-341X

Assine agora a melhor revista técnica sobre avicultura

EDIÇÃO aviNews Brasil 2TRI 2025
Imagen Revista Indicadores-chave de desempenho da produção de frango na América Latina: Benchmarking Internacional

Indicadores-chave de desempenho da produção de frango na América Latina: Benchmarking Internacional

José Guilherme Morschel Barbosa
Imagen Revista Desbloqueando o potencial da proteína: gerenciando inibidores de tripsina na produção de frangos no Brasil

Desbloqueando o potencial da proteína: gerenciando inibidores de tripsina na produção de frangos no Brasil

David Torres
Imagen Revista Pontos-chaves no manejo de reprodutores(as) para a qualidade da progênie

Pontos-chaves no manejo de reprodutores(as) para a qualidade da progênie

Jeffersson Lecznieski
Imagen Revista Opinião do especialista – Escassez de ovos: um problema global que reforça a importância da inovação no controle de bactérias

Opinião do especialista – Escassez de ovos: um problema global que reforça a importância da inovação no controle de bactérias

Pablo Cifuentes
Imagen Revista Estratégias nutricionais para redução do estresse térmico em codornas japonesas

Estratégias nutricionais para redução do estresse térmico em codornas japonesas

Lucas Rocha Valfré
Imagen Revista Inflamação intestinal: como promover uma microbiota eficiente no frango de corte?

Inflamação intestinal: como promover uma microbiota eficiente no frango de corte?

Ricardo Hummes Rauber
Imagen Revista Sanidade, risco e segurança alimentar: o que a Influenza Aviária ensina ao setor produtivo

Sanidade, risco e segurança alimentar: o que a Influenza Aviária ensina ao setor produtivo

Imagen Revista Alimentação inteligente para aves livres: o que considerar?

Alimentação inteligente para aves livres: o que considerar?

Betina Raquel Cunha dos Santos Paula Gabriela da Silva Pires Priscila de O. Moraes
Imagen Revista Uso de Bromexina no controle e prevenção de doenças respiratórias em frangos de corte

Uso de Bromexina no controle e prevenção de doenças respiratórias em frangos de corte

Fabrizio Matté Luiz Eduardo Takano Patrick Iury Roieski Victor Dellevedore Cruz
Imagen Revista O papel da nutrição na qualidade de penas em frangos de corte

O papel da nutrição na qualidade de penas em frangos de corte

Brunna Garcia
Imagen Revista Microminerais orgânicos: Maior biodisponibilidade para uma melhor produção animal

Microminerais orgânicos: Maior biodisponibilidade para uma melhor produção animal

Equipe Técnica Biochem
Imagen Revista A longevidade das poedeiras começa na criação

A longevidade das poedeiras começa na criação

Xabier Arbe
Imagen Revista Eleve o desempenho do incubatório com o novo serviço de suporte para incubação baseado em dados da PETERSIME

Eleve o desempenho do incubatório com o novo serviço de suporte para incubação baseado em dados da PETERSIME

Equipe Técnica Petersime
Imagen Revista Otimização do desempenho em situações estressantes

Otimização do desempenho em situações estressantes

Felipe Horta
Imagen Revista Vacina Corvac-4: O avanço da MSD Saúde Animal na proteção das aves contra a Coriza Infecciosa

Vacina Corvac-4: O avanço da MSD Saúde Animal na proteção das aves contra a Coriza Infecciosa

Equipe Técnica MSD
Imagen Revista Cobb-Vantress Brasil celebra 30 anos como hub de produção para América do Sul

Cobb-Vantress Brasil celebra 30 anos como hub de produção para América do Sul

Imagen Revista Como 22 anos de genômica estão moldando o futuro da avicultura

Como 22 anos de genômica estão moldando o futuro da avicultura

Grant Mason
DESCUBRA
AgriFM - Os podcasts do setor agrícola em português
agriCalendar - O calendário de eventos do mundo agrícolaagriCalendar
agrinewsCampus - Cursos de formação para o setor agrícola e da pecuária