22 nov 2017

IPC responde OMS sobre novas diretrizes do uso de antimicrobianos

Resposta do Conselho Internacional de Avicultura (IPC) a novas diretrizes do uso de antimicrobianos da OMS e postura da Organização Mundial da Saúde sobre o uso de antimicrobianos em animais destinados à produção de alimentos.

O Conselho Internacional de Avicultura (IPC) emitiu uma nota em que manifesta sua preocupação com as diretrizes publicadas no último dia 7 de novembro pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que solicitam à indústria mundial de carnes e avícola a suspensão do uso rotineiro de antibióticos (antimicrobianos) como promotores de crescimento e prevenção a enfermidades.

O IPC se manifestou muito preocupado com a possibilidade de as diretrizes da OMS cheguem de forma inapropriada até os produtores, limitando suas opções para usar antimicrobianos para a prevenção, controle e tratamento de doenças com base em necessidades específicas.

“A capacidade de um veterinário treinado para prescrever o tratamento correto no momento adequado é primordial para minimizar o uso de antimicrobianos e garantir a viabilidade de aves saudáveis, o que é vital para o fornecimento de alimentos seguros em nível global”, destacou o IPC.

Além disso, a entidade destacou que ao desenvolver diretrizes que afetem a vida humana e animal, deveria-se confiar no fato de “evidências” impulsionarem recomendações políticas e não “associações”, como aconteceu nesta abordagem da OMS. As diretrizes estão expostas num artigo publicado na revista The Lancet Planetary Health e, como destacou a OMS, se baseiam em "evidência de baixa qualidade" ou, em alguns casos, em “provas de muito baixa qualidade".

"O IPC continua comprometido com uma abordagem colaborativa 'One Health', que equilibra o conhecimento e a experiência científica de todas as partes interessadas para garantir que atuemos responsavelmente ao usar todos os antimicrobianos - para as necessidades humanas e animais. O IPC estimula a OMS a ser mais inclusiva com a comunidade veterinária em seu trabalho, já que sua ampla experiência pode orientar o uso adequado de antimicrobianos e o cuidado dos animais”.

Em abril, os membros do Conselho Internacional de Avicultura (IPC) adotaram uma declaração de posição histórica sobre o uso de antimicrobianos e princípios de administração de antimicrobianos, que aponta um caminho para que a indústria avícola mundial aplique o uso responsável e eficaz de antimicrobianos na produção avícola.

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"Nessa declaração, o IPC reconhece que a resistência aos antimicrobianos é uma preocupação mundial e que a indústria avícola deve adotar práticas de manejo que reduzam o uso daqueles antimicrobianos para os quais a resistência poderia representar maior risco global. A declaração orienta o setor avícola mundial a ser proativo em seu compromisso com as partes interessadas e a implementar práticas que promovam os objetivos do "One Health" defendidos pela OMS, Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura e Comissão do Codex Alimentarius que leva a pessoas e animais e um planeta saudáveis.

"Conforme destacado na manifestação do posicionamento do IPC, o uso terapêutico prudente dos antimicrobianos minimizará seu uso geral, particularmente aqueles que são mais críticos na medicina humana. Além disso, a responsabilidade ética da indústria avícola é oferecer cuidado adequado e humano aos animais que produz. O IPC está comprometido com uma abordagem de análise de risco baseada na ciência para avaliar o impacto do uso de antimicrobianos na agricultura animal, em vez do enfoque associativo que constitui a base das diretrizes da OMS".

O IPC foi organizado há 12 anos pelos principais países produtores avícolas para determinar áreas de interesse comum e desenvolver políticas para o melhoramento geral da indústria global. A organização tem 24 países membros e 55 membros associados que representam mais de 90% da produção avícola mundial.

Diretrizes da Organização Mundial da Saúde sobre o uso de antimicrobianos de importância médica em animais destinados à produção de alimentos

Recomendações

- RECOMENDAÇÃO 1 -Uso geral dos antimicrobianos; Recomendamos uma redução geral do uso de todas as classes de antimicrobianos de importância médica nos animais destinados à produção de alimentos. (Recomendação firme, evidências de baixa qualidade).
- RECOMENDAÇÃO 2 - Uso na estimulação do crescimento; Recomendamos restrição completa do uso de todas as classes de antimicrobianos de importância médica para estimular o crescimento dos animais destinados à produção de alimentos. (Recomendação firme, evidências de baixa qualidade)
- RECOMENDAÇÃO 3: Uso preventivo (na ausência de enfermidade); Recomendamos restrição completa do uso de todas as classes de antimicrobianos de importância médica com a finalidade de prevenir doenças infecciosas que não tenham sido diagnosticadas clinicamente nos animais destinados à produção de alimentos. (Recomendação firme, evidências de baixa qualidade)
- RECOMENDAÇÕES 4: Uso terapêutico e com finalidade de controle (na presença de enfermidade)
Recomendação 4a; Propomos que os antimicrobianos considerados de importância crítica para a medicina humana não devem ser utilizados para controlar a propagação de enfermidades infecciosas diagnosticadas clinicamente em grupos de animais destinados à produção de alimentos. (Recomendação condicional, evidências de muito baixa qualidade).
Recomendação 4b; Propomos que os antimicrobianos considerados de importância crítica e de máxima prioridade para a medicina humana não devem ser utilizados no tratamento de animais destinados à produção de alimentos, com enfermidades infecciosas diagnosticadas clinicamente. (Recomendação condicional, evidências de muito baixa qualidade).

Declarações

Declaração sobre práticas ideias 1.
Toda nova classe de antimicrobianos ou nova combinação de antimicrobianos criada para utilização em humanos será considerada de importância crítica para a medicina humana, a não ser que a OMS a tenha classificado de outra maneira.
Declaração sobre práticas ideais 2.
Os antimicrobianos de importância médica que não são utilizados atualmente na produção de alimentos não deverão ser utilizados no futuro para essa finalidade, seja em animais ou plantas destinadas à produção de alimentos*.

Estas diretrizes são de aplicação universal, independentemente da região, renda e meio ambiente, ainda que o Grupo para a Elaboração de Diretrizes (GED) tenha reconhecido que sua aplicação nos países de baixa receita e meios possa exigir considerações especiais, como a assistência à gestão da saúde animal a fim de reduzir a necessidade de antimicrobianos e, em particular, melhorias das estratégias de prevenção de enfermidades, do alojamento dos animais e das práticas pecuárias.

Além disso, muitos países podem necessitar assistência para a criação de capacidades técnicas e laboratoriais para realizar culturas bacterianas e os testes de sensibilidade recomendados. Organizações internacionais como a FAO e a OIE podem prestar assistência na aplicação das presentes diretrizes.

Por fim, o Grupo para a Elaboração de Diretrizes (GED) destacou a necessidade de os países implementarem atividades de vigilância e monitoramento do uso dos antimicrobianos nos animais destinados à produção de alimentos com a finalidade de continuar e avaliar a aplicação destas diretrizes.

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